A mulher que comprou uma bebê de 11 meses por R$ 1,5 mil, em Manaus, afirma ser vítima do casal que foi preso na manhã desta sexta-feira (23-dez), por suspeita de tráfico de pessoas. Segundo a PC-AM, a versão da mulher, que mora no interior do Amazonas, será investigada.
O casal preso por roubar e vender a bebê é suspeito de se aproveitar da situação de vulnerabilidade social da mãe da criança, uma venezuelana.
De acordo com a delegada titular da Delegacia Especializada em Proteção a Criança e ao Adolescente (DEPCA), a mãe da bebê denunciou o crime no dia 15 deste mês de dezembro.
Segundo a venezuelana, ela morava na rua, no Centro de Manaus, com os três filhos. Em um momento de desespero, a mulher começou a chorar porque a filha menor estava doente. O casal presenciou a cena e prometeu ajudar a família.
“Como a criança estava muito doente, com pneumonia, ela relata que começou a chorar no meio da rua e foi abordada pelo casal, que prometeu ajuda. Eles levaram ela para uma casa, que seria de familiares deles, e prometeram levar a criança para atendimento médico”, contou a delegada.
Após dias no local, a mãe não obteve mais notícias da filha. Ela também não tinha acesso ao telefone nem poderia sair da casa.
De acordo com a polícia, um dia, a venezuelana conseguiu contato com um vizinho, que a levou para a delegacia.
Após cinco dias de investigação, a equipe localizou a criança, em Manacapuru, cidade na Região Metropolitana de Manaus. A suposta compradora devolveu a bebê para a mãe e afirmou que também era uma vítima do casal.
“Eles disseram que a mãe queria doar a criança, mas que pedia R$ 1,5 mil para comprar uma passagem de volta para a Venezuela. A responsabilidade dessa mulher a gente também está investigando, bem como de outros envolvidos” , destacou a delegada Joyce Coelho.
Pessoas envolvidas no caso
A delegada informou que a Depca investiga o envolvimento de quatro pessoas no caso:
da casal que tirou a bebê da mãe, da compradora e de uma suposta negociante, que teria intermediado a compra e fornecido os documentos da criança.
“Uma quarta pessoa teria entregue pastas com todos os documentos da criança para a mulher que fez a transferência. Tudo isso caracteriza o tráfico interno de pessoas para fim adoção ilegal, porque a pessoa que comprou relata que sabia que estava fazendo algo errado, mas que iria regularizar a adoção da criança”, revelou a delegada.
A Polícia Civil também investiga se o homem teria vendido outras crianças no Amazonas.
Segundo Joyce, o casal já possui antecedentes criminais. O homem tem passagem na polícia por roubo, furto, tráfico de drogas, porte ilegal de arma de fogo e usa tornozeleira eletrônica. A mulher tem duas passagens por tráfico de drogas.
A delegada informou que a criança está internada, na companhia da mãe, e tratando o quadro de pneumonia.