Crianças e adolescentes autistas da Associação de Amigos dos Autistas do Amazonas (AMA) e Instituto Autismo no Amazonas (IAAM) participaram de uma visita guiada e Cessão de Tempo, realizadas ontem (30-mar), na Assembleia Legislativa do AM.
As atividades são alusão ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo celebrado no próximo dia 2 de abril. Proposta pela deputada Mayara Pinheiro (Republicanos), a visita guiada e direcionada para autistas foi a primeira realizada na história da Aleam.
De acordo com a deputada Mayara, o Poder Público precisa se unir para apoiar e integrar cada vez mais pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista) no meio social e também instituir uma política estadual específica para que esse grupo tenha acesso a direitos e serviços.
“Estamos aqui para facilitar e trabalhar em uma política de atenção integrada de serviços, não só na saúde, mas na assistência também. Com certeza amenizaria o sofrimento para essas famílias”, disse.
A parlamentar explicou que pessoas com autismo precisam de acompanhamento integrado de várias especialidades para assegurar o desenvolvimento, mas a descentralização dos serviços causa transtornos para família e pessoas com TEA.
“Hoje, uma família que precisa de um diagnóstico, por exemplo, marca um neurologista no HUGV e precisa fazer tomografia no Delphina Aziz, então a atenção é descentralizada e a locomoção desses pacientes é muito difícil”, explicou a deputada.
“Por isso precisamos de políticas que facilitem esse acesso. Estou propondo ao Executivo para que o Centro Especializado em Reabilitação IV (CER) seja um centro de atenção específico para pessoas com TEA”, afirmou.
Além das propostas, a deputada instituiu, pelo Projeto de Resolução Legislativa (PRL) nº 10/2020, a Frente Parlamentar de Defesa dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista na Aleam e estabeleceu Diretrizes de Desenvolvimento Global do Estudante com Dislexia, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade ou Transtorno do Espectro Autista, por meio da Lei nº 5.812/2022.
Depoimentos emocionantes
Na cessão de tempo, representantes da AMA e IAAM se pronunciaram sobre a causa.
Leda Maria, colaboradora da AMA e mãe de um autista, fez um apelo para que os deputados ajudassem na construção de uma nova sede para a associação.
“A AMA já tem 25 anos e é a única ONG que atende adolescentes e adultos autistas em Manaus. Queria fazer uma reflexão… para onde os autistas irão quando eles crescerem? Eu falo como mãe, o autista precisa de suporte”, afirmou Leda.
“Não temos, nem pelo estado e município, um centro de acolhimento para autistas adultos. Por isso, peço apoio para construir a sede da AMA, muitos autistas estão crescendo e esse número só tende a aumentar. Eles precisam ter um local para ir”, acrescentou.
De acordo com Rogério Fonseca, instrutor do IAAM e pai de um autista, é necessário que haja uma visibilidade e envolvimento da sociedade no apoio e acolhimento de pessoas com TEA.
“São indivíduos sensíveis aos olhos da sociedade. Quem vê cara não consegue identificar o autismo. Estou dentro do IAAM como colaborador voluntário, mas a gente não pode ter só pais. Hoje estamos aqui tentando conscientizar e sensibilizar que esses seres invisíveis existem”, declarou.