A Polícia Federal (PF) apura a conduta de um delegado que agrediu e colocou uma arma na cara de um professor, após o educador discutir com o filho do policial, um adolescente de 13 anos.
A vítima alega que foi enforcada e recebeu voz de prisão. O episódio ocorreu no Colégio Franciscano Nossa Senhora do Carmo, no Paraná.
Em boletim de ocorrência, o delegado que cuida do caso, Mário César Júnior, relatou que o professor disse que “soltaria fogos de artifício” quando o filho do policial saísse da escola, além de ter afirmado que o aluno era “nazista, racista, xenofóbico e gordofóbico”.
O caso foi registrado na Polícia Civil como injúria.
O professor Gabriel Rossi, no entanto, alegou que nunca chamou o estudante de nazista, apesar de confirmar que celebraria a saída do aluno, considerado de comportamento problemático.
“Eu vi ele fazendo comentários de cunho preconceituoso, machista, homofóbico, gordofóbico com os professores e que todas essas coisas somavam à visão que eu tinha de comentários detestáveis que ele fazia”, disse o professor.
“Inclusive eu disse para ele que em alguns momentos o vi fazer brincadeiras de cunho nazista. Mas eu sei que o menino não é nazista”, acrescentou o professor.
“Começou a gritar que eu estava preso”
O professor relembra que ele e o adolescente tiveram uma conversa particular depois de o aluno chamá-lo de “calvo”, mas nega qualquer tipo de discussão ou menção política.
No mesmo dia, na saída da escola, o professor conta que foi abordado pelo delegado, pai do aluno.
“Ele começou a gritar que ele era delegado e que eu estava preso. Apertou o meu braço e puxou, eu tentei sair e foi quando ele me enforcou, me jogou contra o carro dele e aí ele puxou a pistola e apontou na minha cara”, relatou.
O professor acusou membros da polícia local de abuso de poder. Isso porque, ao tentar registrar um boletim de ocorrência, o educador foi impedido por uma suposta greve na unidade.
Procurada, a Polícia Civil do Paraná (PCPR) disse ter recebido o registro da ocorrência da vítima e que “realiza oitivas e diligências para apurar as circunstâncias do fato”.
A corporação não respondeu, no entanto, os questionamentos sobre a acusação de abuso de poder.
Repercussão
Nas redes sociais, o ministro da Justiça, Flávio Dino, mostrou indignação com o caso e defendeu “apurações administrativas” na PF para esclarecimento dos fatos.
Já a escola onde Gabriel é professor, reforçou em nota que o episódio é inadmissível e que prestará suporte ao educador, afastado por recomendações médicas.
“Vale ressaltar que nada justifica uma agressão, seja física, moral ou verbal, e será sempre um ato repudiável, independentemente das razões que possam levar alguém a cometer tal atitude”, afirmou a instituição.