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23 de novembro de 2024 | 04:20

Artigo: E a tal Reforma Administrativa?

Por: Augusto Bernardo Cecílio

Em recente Congresso sobre o tema “Reformas e Justiça Social”, realizado pelo Fisco do Rio Grande do Norte, Rudinei Marques lembrou o momento que vivemos no Brasil e no mundo, de aumento da pobreza e de aprofundamento da desigualdade social, e destacou a importância de fortalecer o serviço público. “Quem, se não o Estado, vai enfrentar a crise social, sanitária, econômica e na educação? O serviço público nunca foi tão necessário”.

Além disso, listou os avanços conquistados na última versão do relatório, com mobilização e engajamento das entidades afiliadas ao Fórum, mas ponderou que a proposta ainda é ruim e deve ser combatida. “Estamos num momento em que até quem defendia a reforma não a apoia mais. Temos uma chance real de derrotar esse texto e vamos continuar lutando”.

Claramente os objetivos da tal reforma estão bem distanciados do bem estar da sociedade, não busca o fortalecimento dos serviços públicos e muito menos a valorização dos servidores.

Ao contrário, esvazia e sucateia uma estrutura que levou anos para se formar e que funciona em todo o Brasil. E tenta agradar a iniciativa privada, como já se faz com a previdência após a aprovação da sua reforma. Hoje, por exemplo, o que mais você recebe é propaganda de previdência privada, com lucros que enriquecerão ainda mais os banqueiros e as financeiras.

O servidor público deve ter a noção exata da sua importância e do seu papel na sociedade e não se calar diante da verdadeira campanha que se faz nesse país, tentando demonizar essa profissão, enfraquecendo qualquer tentativa de luta.

O servidor é um trabalhador como outro qualquer, só que público. Ele existe para servir ao público e deve ser por isso remunerado. Qual o mal nisso? Talvez o que incomode aos trabalhadores da iniciativa privada, a determinados políticos e aos exploradores da força de trabalho seja a estabilidade e alguns salários mais altos.

Mas por que isso incomoda? Aos que não escolheram essa missão, por escolherem mal a profissão ou por não terem logrado êxito nos concursos públicos. Aos políticos porque gostariam de nomear os seus cabos eleitorais muito além dos cargos comissionados ou terceirizados ainda existentes, ou demitir a qualquer momento. E aos patrões porque escancara o quanto pagam pouco aos seus empregados. Ter alguém ganhando R$ 20 mil incomoda a quem ganha R$ 2 mil, e mostra o quanto o seu patrão não lhe valoriza e lhe suga.

Cabe ao servidor se impor com mais firmeza, mostrar a cara, escrever artigos, ocupar espaços na mídia e mostrar o seu valor. Se posicionar é um dos caminhos, a começar pelos seus familiares e amigos, mostrando o que você faz e o quanto isso reflete positivamente junto à coletividade. Quando o servidor se acovarda e cruza os braços à espera de que alguém lute por ele, é um prato cheio para ser destruído.

Isso serve também para os “líderes classistas” que se calam, que cruzam os braços e que atuam como pelegos pelo simples fato de querer apenas agradar ao seu líder político.

Quanto ao salário, que deve gratificar corretamente a sua atuação, vale mostrar os cursos que você fez e a sua qualificação. Ou seria justo você concluir dois ou três cursos superiores, uma pós ou um mestrado, e ganhar R$ 2 mil?

Não seria melhor tentar lutar por valorização salarial de todos em vez de tentar nivelar por baixo os salários?

Certamente lutar por direitos e por salário justo é dever de todos e ninguém deve se envergonhar por isso. O que querem é jogar a sociedade contra os trabalhadores públicos, e isso é injusto e traiçoeiro. Quem ainda não dependeu dos serviços públicos? Até os ricos dependem.

Por fim, vale lembrar aos parlamentares que eles dependerão de votos para as suas reeleições. E nós temos os votos.

 

*Auditor fiscal e professor.

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