Morreu aos 86 anos o cantor e ator Agnaldo Rayol. Ele foi vítima de um traumatismo craniano após sofrer uma queda em casa durante a madrugada. Rayol caiu enquanto ia ao banheiro.
Ao chegar no hospital, a equipe médica diagnosticou um traumatismo craniano. Rayol chegou a ser entubado, mas não resistiu. O artista morava em Santana, na zona Norte de São Paulo, com uma cuidadora e uma pessoa da família.
Segundo sua assessoria, “Agnaldo Rayol deixa um legado inestimável para a música brasileira, com uma carreira que atravessou décadas e tocou os corações de milhões de fãs. A família agradece as manifestações de carinho e apoio.” Ainda não foram divulgadas informações sobre velório e sepultamento.
Rei da Voz
Agnaldo Coniglio Rayol nasceu no Rio de Janeiro em 3 de Maio de 1938. Vem de uma família de artistas.
Começou a cantar ainda menino, com 5 anos de idade, no programa “Papel Carbono” da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Depois ele se mudou para Natal (RN), onde trabalhou em rádios locais.
Fez uma pausa durante a adolescência, pois sua voz começou a mudar. Ao amadurecer, Rayol havia se tornado um barítono – cantor de voz mais grave do que os tenores, mas não tão grave quanto a dos baixos.
Uma exceção na música – onde predominam os cantores com vozes capazes de atingir grandes agudos – ele voltou à ativa nos anos 1950. Foi contratado pela rádio Tupi em 1956, e lançado um disco dois anos depois. Especializou-se em canções italianas românticas como “Mia Gioconda” e “Tormento D’Amore”.
O auge do sucesso viria dez anos depois, durante os festivais musicais organizados pela rede Record, da família Machado de Carvalho. Lá Rayol ganhou o título de Rei da Voz, antes pertencente a Chico Alves, que havia falecido.
Sucessos como “A Praia” fizeram dele um dos grandes vendedores de discos das décadas de 1960 e 1970, e uma figura sempre presentes em programas como Almoço Com As Estrelas, Clube dos Artistas (Tupi) ou Astros do Disco (Record).
O artista conseguiu migrar facilmente do rádio para a televisão. Um de seus maiores sucesso foi o programa Corte Rayol Show, em que atuava com o humorista Renato Corte Real.
Agnaldo Rayol também trabalhou como ator. Realizou um dueto com a apresentadora Hebe Camargo (1929-2012) m um como no filme “Zé do Periquito” (1960) do cineasta Amácio Mazzaropi. Foi Hebe quem o apelidou de Mister Covinha, por causa do sorriso.
O cantor também participou nas telenovelas da extinta TV Excelsior, como “Mae” (1964), ao lado de Lolita Rodrigues e Tarcísio Meira, ou em “O Caminho das Estrelas” (1965), ao lado de Procópio Ferreira.
Apesar da imagem de galã, Rayol não fugia do humor. Em 1990, ele participaria de uma paródia de “Romeu e Julieta” ao lado de Hebe Camargo e do comediante Ronald Golias (1929-2005), produzida pelo SBT, do apresentador e empresários Sílvio Santos.
O texto foi escrito por Carlos Alberto de Nóbrega, e o elenco incluía Luiz Carlos Miele, Consuelo Leandro, Carlos Imperial, Nair Belo, Ronnie Von e Fábio Jr., além do próprio Nóbrega.
Elegante e com fama de namorador, Rayol era um homem de família, casado com Maria Rayol. O cantor não tinha filhos devido à perda de um bebê de poucos meses quando tinha 18 anos. Desde 2017, ele vinha enfrentando o Alzheimer da companheira, que se agravou durante a pandemia. Nos últimos meses, Rayol mostrava sinais de depressão e passou a ficar mais recluso.