A programação do Sesc na Flip 2025 abrirá espaço nobre para escritoras indígenas e da região Amazônica, dando oportunidade ao grande público de conhecer essa produção literária de alta qualidade. Entre as convidadas estão nomes como Sony Ferseck, Francis Mary, Paty Wolff e Aliã Wamiri Guajajara, que apresentarão narrativas construídas fora das maiores metrópoles do país e que trazem toda a riqueza do universo da floresta e de linguagens que ajudam a construir a diversidade cultural do Brasil. A programação do Sesc é totalmente gratuita.
Sony Ferseck é indígena do povo Macuxi, professora, poeta e cofundadora da Wei Editora — primeira editora independente de Roraima voltada à publicação de autores indígenas e obras bilíngues. Seu livro “Weiyamî: mulheres que fazem sol” (2022) foi semifinalista do 65º Prêmio Jabuti e é símbolo da força poética que nasce entre oralidade e resistência. A autora participará da mesa “Pluralidades editoriais e a criação literária”, no dia 31 de julho, às 11h, no Sesc Santa Rita, ao lado de Aline Cardoso.
“A oportunidade de criar uma editora independente e, ao mesmo tempo conseguir trazer essa experiência para a Flip por meio do Sesc, vai ajudar o grande público a conhecer uma parte da vida literária de Roraima e, em especial, dos povos indígenas. O público ficará bastante surpreso com a nossa diversidade de narrativas. Vamos contar também sobre os desafios que encontramos a cada dia para tocar esses projetos”, conta Sony.
Já a poeta acreana Francis Mary, referência da geração mimeógrafo, participará da mesa “A quem pertencem minhas palavras?”, no dia 31 de julho, às 19h, também no Sesc Santa Rita. Sua obra traz poemas que defendem a floresta, a democracia e os povos da Amazônia. Inspirada na luta de Chico Mendes e no cotidiano dos Povos da Floresta, Francis transforma a palavra em instrumento de memória e denúncia.
“Sempre tive vontade de ir pra Flip e, de repente, surgiu esse convite para mostrar meu trabalho que é conectado à natureza, à Amazônia. Espero conseguir tocar o público com essa jornada dentro da minha floresta poética e imaginária, e claro, aprender com as experiências dos outros participantes que vão me enriquecer igualmente com suas trajetórias”, elogia Francis.
Na mesma direção, a artista Paty Wolff, nascida em Cacoal (RO) e radicada em Cuiabá (MT), expande o conceito de narrativa ao unir artes visuais e literatura. Ela estará presente no dia 1º de agosto, às 15h, no Sesc Santa Rita, para debater o tema “Narrativas visuais para todas as idades”. A proposta é discutir como a ilustração se estabelece como linguagem narrativa própria, indo além do papel de complemento visual ao texto.
Encerrando a programação de destaque das autoras indígenas, a multiartista Aliã Wamiri Guajajara marcará presença com a palestra “Tecnologias do encantamento: entre o artesanal e o digital”, no sábado, 2 de agosto, às 11h. Nascida em Teresina (PI), filha de mãe Guajajara e pai Timbira, Aliã é escritora, curadora, performer e graduada em Artes Visuais pela Universidade Federal do Piauí. A artista reflete sobre as tecnologias ancestrais do saber e da cura dos povos originários, articulando arte, espiritualidade e cosmopolítica em uma escrita que transcende as fronteiras convencionais da literatura.
A presença dessas mulheres na programação do Sesc na Flip 2025 mostra a urgência de uma escuta mais plural e descentralizada na literatura e na arte brasileira. “Para mim a Flip é um lugar de afirmação importante e vai mostrar que a literatura indígena existe, resiste e encanta. Espero que possamos ecoar de maneira ainda mais intensa nossas memórias vivas”, finaliza Aliã.
O Sesc leva para a Flip 2025 escritores, artistas e personalidades de todas as regiões do país para as atividades oferecidas em três espaços: o Sesc Santa Rita, a Casa Edições Sesc e a Casa Sesc, todos localizados no Centro Histórico de Paraty RJ.