O governador Wilson Lima anunciou, nesta quarta-feira (05-nov), a delegação do Amazonas e o pacote de ações que o estado levará para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém, a partir do dia 10 de novembro. O Amazonas chega à conferência com um conjunto de projetos que combinam proteção da floresta, desenvolvimento econômico e inclusão social, consolidando o estado como referência em soluções concretas para a crise climática.
Na ocasião, o governador realizou, também, a entrega de veículos e equipamentos para fortalecer as ações de combate ao desmatamento e às queimadas no sul do estado, por meio do Programa Floresta em Pé.
“Tenho certeza de que o Estado vai estar muito bem representado e o que a gente apresentou aqui é uma prova do quanto a gente tem se antecipado a essa agenda do desenvolvimento sustentável. É claro que aqui há um compromisso muito grande em proteger os nossos recursos naturais, mas sobretudo proteger as nossas populações, porque não faz sentido desenvolver projetos que não possam ser revertidos em forma de benefício para a nossa população. Um projeto só é sustentável se houver desenvolvimento econômico, proteção social e proteção ambiental”, afirmou Wilson Lima.
Participaram do anúncio os deputados estaduais Adjuto Afonso e Professora Jacqueline, o vereador de Manaus Allan Campelo, vereadores de Boca do Acre, além de secretários de Estado e outras autoridades estaduais das áreas de meio ambiente, defesa civil, segurança pública, desenvolvimento econômico, ciência e tecnologia.
Foto: Antonio Lima e Arthur Castro/Secom
Contratos de REDD+
Entre as principais entregas anunciadas está a assinatura dos dois primeiros contratos de REDD+ em Unidades de Conservação estaduais, que vão inaugurar uma nova fase da política de pagamento por serviços ambientais no Amazonas. Ao todo, são 21 projetos de REDD+ habilitados, com estimativa de gerar 163 milhões de toneladas de créditos de carbono equivalente (tCO₂e) em 30 anos, beneficiando mais de 8 mil famílias em 483 comunidades.
Os primeiros contratos serão firmados para o Parque Estadual Sucunduri, em Apuí, e para o Parque Estadual Matupiri, entre Borba e Manicoré, com iniciativas desenvolvidas em parceria com empresas selecionadas via chamamento público, com participação das comunidades e com potencial de captação de centenas de milhões de reais ao longo de três décadas.
O secretário de Estado do Meio Ambiente, Eduardo Taveira, destacou que a participação na conferência será uma vitrine para esses resultados. “Estamos indo para demonstrar que estamos fazendo o nosso papel e que temos soluções práticas para o nosso futuro, e é importante sensibilizar os países sobre isso. É um impacto importante e o melhor momento para discutir essas iniciativas”, disse o secretário.
Foto: Antonio Lima e Arthur Castro/Secom
Amazonas ECOLar
Outro destaque do pacote é o Projeto Amazonas ECOLar, programa de construção de moradias sustentáveis para famílias que vivem em áreas de risco, utilizando blocos produzidos a partir de resíduos plásticos. Em Manaus, será implantado um Centro de Reciclagem com capacidade inicial para processar mais de 60 toneladas de plástico por mês, matéria-prima suficiente para a construção de cinco casas de 40 metros quadrados (m²) no mesmo período. O material será adquirido de cooperativas e associações que atuam na coleta de resíduos, gerando renda e promovendo inclusão social.
A tecnologia foi desenvolvida pela empresa colombiana Conceptos Plásticos, referência internacional em reciclagem, e está sendo transferida para o Amazonas. Os blocos são antichama, antitérmicos, resistentes e de encaixe, dispensando o uso de cimento ou argamassa, o que permite uma construção mais limpa e rápida. O público-alvo são famílias em situação de vulnerabilidade socioambiental, hoje expostas a enchentes, deslizamentos e erosão.
“Temos um governador preocupado com tudo aquilo que está intimamente ligado ao meio ambiente e à sustentabilidade. Ao cuidar dessas áreas prioritárias e com esse programa, a mensagem que fica é a preocupação com os quatro ciclos da reciclagem”, afirmou o secretário da Defesa Civil do Amazonas, Antonio Máximo.
Foto: Antonio Lima e Arthur Castro/Secom
Concurso da Sema
Para fortalecer a estrutura de gestão ambiental, o governador Wilson Lima anunciou que, durante a COP30, o Estado fará a assinatura da contratação da empresa responsável pelo primeiro concurso público da Secretaria de Meio Ambiente (Sema).
Serão 159 vagas para níveis médio e superior, com edital previsto para dezembro de 2025 e provas no início de 2026. É o primeiro concurso da história da Sema desde sua criação.
A medida busca ampliar o quadro técnico para atuar em licenciamento, fiscalização, monitoramento e implementação de políticas ambientais, alinhando a capacidade institucional do Estado às novas demandas de conservação e desenvolvimento sustentável.
Foto: Antonio Lima e Arthur Castro/Secom
Plano de Bioeconomia e Política de Transição Energética
No eixo econômico, o Amazonas levará para COP30 o Plano Estadual de Bioeconomia, considerado um marco na transição econômica sustentável do estado. Elaborado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti), o plano contou com mais de 5 mil contribuições dos 62 municípios e foi construído a partir da escuta de comunidades, produtores, artesãos, pescadores e pesquisadores, alinhado aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
“O plano vai unir os saberes tradicionais, a biodiversidade e as novas tecnologias numa construção que veio da base. Visitamos os 62 municípios, ouvindo a sociedade, ouvindo os artesãos, ouvindo pescadores, enfim, um trabalho que vai consagrar e alicerçar esse plano”, afirmou o secretário da Sedecti, Serafim Corrêa.
O pacote inclui, ainda, o lançamento da Política Estadual de Transição Energética (Peten), marco legal que estabelece as bases para transformar a matriz energética do Amazonas, reduzir a dependência de combustíveis fósseis e ampliar o uso de energias limpas. Entre as metas estão reduzir em 50% o consumo de diesel nos sistemas isolados até 2030 e eliminar a pobreza energética no mesmo período.
“Na COP30, vamos apresentar o nosso trabalho de um ano de pesquisa sobre o processo de transição energética. Essa iniciativa visa colocar cada vez mais o Amazonas como protagonista quando se fala de uma transição energética que seja inclusiva e justa para todos”, destacou o secretário da Semig, Ronney Peixoto.
Foto: Antonio Lima e Arthur Castro/Secom
Inventário
Na COP30, o Amazonas também lançará o Inventário de Emissões Atmosféricas do Estado, que identifica e analisa as principais fontes de poluentes atmosféricos, incluindo energia, agropecuária, resíduos, processos industriais e mudanças de uso da terra.
O documento traz ainda uma análise climatológica das concentrações de material particulado fino no estado, servindo como base técnica para decisões de controle e prevenção da poluição do ar.
Em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), o Governo do Estado vai apresentar um conjunto de produtos científicos, incluindo portfólios com recorte de 50 projetos financiados nas áreas de mudanças climáticas, biodiversidade, bioeconomia e inovação social; o Catálogo CTC/AM 2025, com 108 pesquisas sobre eventos climáticos extremos; e o inventário de ações e pesquisas para o enfrentamento à estiagem e eventos climáticos extremos no estado.
Foto: Antonio Lima e Arthur Castro/Secom
Outros cases
Além dos anúncios de novos projetos, o governador Wilson Lima destacou que o Amazonas foi convidado a apresentar cases de sucesso em diferentes painéis da COP30, em parceria com organismos internacionais e o Governo Federal.
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) vai mostrar o Prosamin+ como exemplo de requalificação urbana, reassentamento de famílias e obras de saneamento e infraestrutura em Manaus e no interior.
Na área da saúde, o Barco Hospital São João XXIII, apoiado pelo Governo do Amazonas, será apresentado a convite do Ministério da Saúde, com o interesse da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) em utilizar o modelo como referência de política de saúde pública para regiões remotas.
E o Fórum de Segurança Pública solicitou a apresentação das Bases Arpão, estruturas flutuantes instaladas nos rios Solimões e Negro para enfrentar o crime organizado e o tráfico de drogas na região.