A triste história de uma dona de casa, mãe de dois filhos, sendo que a caçula possui paralisia cerebral, foi contada pela militante dos Direitos das Pessoas com Deficiência, Viviane Lima, que preside o Instituto Social Que a Inclusão Vire Rotina.
Franciane Pantoja mora na Ilha do Amatari, em Itacoatiara, no interior do Amazonas, onde cuida da filha Francielma, que possui paralisia cerebral e epilepsia.
Há 22 anos, Franciane abandonou o emprego para cuida da filha. Uma vida inteira dedicada a quem ama e precisa de cuidados diários.
Para cuidar da filha e manter a casa, que fica numa área pobre e alagada de Itacoatiara, Franciane recebe do governo Federal o Benefício de Prestação Continuada (BPC), no valor de um salário mínimo ao mês. Esse é o único valor que a família tem para sobreviver.
Viviane lembra que foi até a casa de Franciane, onde conheceu a vida sofrida de Franciane e Francielma. “Quando cheguei à casa delas, na verdade uma palafita, a cheia dos rios havia inundado quase toda a casa”, relembra Viviane. “A família vivia exclusivamente do dinheiro pago pelo BPC. Era o que sustentava aquela casa”, acrescentou.
Franciane disse que se sentia sozinha, abandonada, e que seu maior medo era que um dia Deus levasse sua filha. Todos choraram naquele momento de forte emoção.
Mas há três dias veio a triste notícia que ninguém gostaria de receber. Francielma não resistiu a uma pneumonia e faleceu em Itacoatiara. Ao saber que Francielma estava doente, Viviane e alguns amigos tentaram trazer a garota para Manaus, onde receberia atendimento médico. Infelizmente não houve tempo.
“Francielma morreu e expôs a realidade de milhares de famílias em todo Brasil. Franciane é uma mãe solo, que dedicou a vida inteira a cuidar da filha. Agora a vida ficaria ainda mais difícil”, lamentou Viviane.
Além de enfrentar a dor pela morte da filha, Franciane vai perder o direito ao Benefício de Prestação Continuada (PPC). Embora o dinheiro seja pouco, é o que garantia o sustento da casa.
Futuro incerto
“Como Franciane vai se alimentar, cuidar do outro filho e manter a casa?”, questionou Viviane. “Não bastasse a dor de perder a filha, Franciane corre o risco de parar na rua”, ressaltou.
Viviane Lima disse que vai buscar junto ao INSS uma forma de ajudar Franciane, para que ela continue recebendo o benefício.
Num vídeo gravado para as redes sociais, Viviane disse que chegou a hora de mudar a percepção sobre a vida das famílias com pessoas com deficiência. “Precisamos mudar essa realidade! Precisamos mudar as leis e garantir mais direitos às famílias que cuidam de pessoas com necessidades especiais”, afirmou.
“Quem estende a mão a essas mulheres nos momentos mais difíceis de suas vidas?”, indagou. Ela ressalta que a mudança nas leis passa precisa ser feita no Congresso Nacional, onde as PcDs e seus familiares precisam de representantes compromissados com a luta.
“Tenho duas filhas PcDs e sei como é difícil a vida das famílias que se dedicam a cuidar de seus filhos, irmãos e outros parentes”, destacou. “Temos que mudar essa triste realidade, por isso aceitei o desafio de ser pré-candidata a deputada federal. Tenho certeza que unidos poderemos construir um País melhor para todos”, concluiu Viviane.