*Por: João Carlos Miranda (Contéudo acessível em áudio)
Descobri uma Manaus surpreendente, cheia de atrações, generosa em natureza e agradável. Confesso que minha visão da Cidade era meio daquelas de “paulista”, sabe: “deve ser uma cidade comum, mas de atividade predominantemente rural, tipo com grandes fazendas, diversas madeireiras destruidoras da floresta, araras e macacos espalhados brincando em árvores e de moradores concentrados na beira do rio, com atividade predominantemente pesqueira”. Mas então o que vivi foi a vida de uma capital moderna, com um comércio pulsante e intenso. Imaginei que veria índios, mas na capital não. E tenho que concordar com isso: não percebi um espaço possível para eles existirem ali.
Um dos locais que mais gostei foi o Mercado Municipal Adolfo Lisboa, que é lindo e de produtos variados, desde artesanato até alimentício. Localiza-se na orla do Rio Negro. Um passeio imperdível para qualquer turista. Por ali encontrei uma enorme diversidade de artesanato, de artigos de saúde com ervas, mel, etc e o maior mercado de peixes que já vi na vida. Descobrir o real tamanho do Pirarucu e que ele pode ser salgado e oferecido como um substituto do bacalhau. Ah! E fora do mercado há diversos “carrinhos” vendendo frutas e legumes. Me informaram que seriam produtos dos produtores ribeirinhos, que alí vão para vendê-los. Não sei não, mas enfim… Tá, né?!
Já seus grandes shopping centers são muito bem estruturados, com grandes estacionamentos, ar condicionado e tal, com lojas e franquias nacionais e outras exclusivas e muitas de artigos luxuosos. Também são uma atração assim, sabe: mais do mesmo de São Paulo (me desculpem a sinceridade).
O detalhe que me chamou a atenção inesperadamente foram os frequentadores: por mais que me policiei não pude deixar de perceber que predominantemente são gente branca e bem vestida. Diferente do povo do mercado e das ruas populares. Daquela gente eram poucos e todos usavam algum tipo de uniforme ou identidade de um comércio do local. Não queria perceber aquilo, afinal não estava alí pra isso, mas era tão gritante que acabou incomodando e perdi o interesse por estes locais.
Devo escrever que fiquei um pouco decepcionado com o abandono da área central da cidade, mas ainda assim foi um passeio pelo histórico da cidade. Manaus ainda tem grande parte das construções antigas em bom estado. Meio que viajei no tempo: me senti um cidadão da época aurea da borracha ao transitar por algumas ruas. E isso se intensificou quando cheguei, finalmente, no Teatro Amazonas. Inaugurado em 1896, sua fachada em 2025 ainda transmite sua grandeza. Então você entra e… O que é aquilo minha gente? Que construção é aquela, meu Deus? Linda, de traços magníficos.
Tão luxuosamente burguesa que ainda dá para sentir os barões da borracha transitando com suas madames. Os lustres franceses, o mármore italiano, Aquele assoalho de madeira, espelhos. E a área de apresentação com seus camarotes e colunas representando autores clássicos. Quão formidável é aquele Salão Nobre, que o nosso guia na visitação explicou que tem características barrocas e a pintura do teto, intitulada “A Glorificação das Bellas Artes na Amazônia” é obra de Domenico de Angelis (desculpem, não conhecia). Se não visistar o Teatro Amazonas não esteve em Manaus! Este é meu veredito.
Manaus ainda reserva diversos passeios de barco, como o passeio com os botos e à Praia da Lua, nas quais eu me realizei como turista. É um show de entendimento, uma aula de natureza e uma revitalização da alma. Nesta capital quem gosta de modernidade tem seu espaço nos shoppings, hotéis, bares e passeios urbanos. Já quem gosta do mais popular também encontra lazer e entretenimento nos centros comerciais de bairros, nos mercado municipais etc. E para quem gosta de aventuras há tanto a ser descoberto em Manaus e seus arredores que atrações não vão faltar.
Esta viagem teve tantas características marcantes que fica difícil se apegar a detalhes para escrever. Gostaria de colocar tudo aqui, mas não dá. Há emoções que não voltam ou não podem ser traduzidas nas letras. Só posso dizer: obrigado Parintins, obrigado Manaus, obrigado Amazônia. Obrigado a todos que fizeram destes dias um tesouro que já está na mala do meu espírito para a eternidade. E até breve. Ah! Sim! Eu voltarei, com certeza.
*João Carlos Miranda é articulista e correspondente do Portal Zero Hora Amazonas em São Paulo – SP