Grávidas dando à luz no chão de hospitais, diminuição de leitos em maternidade, unidades de terapia intensiva inadequadas, cirurgias ginecológicas adiadas, ausência de ginecologistas e falta de atendimento voltado para crianças.
Esse é o cenário catastrófico que as mulheres do Amazonas encontram ao procurar assistência médica na Saúde Pública do Estado.
Na Assembleia Legislativa do Amazonas, o deputado estadual Wilker Barreto enumerou denúncias graves do caos na Saúde Pública contra a dignidade da mulher, como o caso da paciente Jessica Mata de Souza, que deu à luz no chão da Maternidade Ana Braga.
O descaso foi mostrado pelo portal Radar Amazônico na última terça-feira (23-ago).
O deputado também citou a diminuição de leitos da Maternidade Celina Villacrez Ruiz, unidade agregada à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Tabatinga, constatada em viagem do parlamentar ao município, no final de semana.
Por causa de erros na instalação de leitos de UTI na maternidade, várias grávidas foram transferidas para atendimento próximo ao setor de urgência. A mulheres ficaram lado a lado com pacientes em estado grave, causando insatisfação e medo às mulheres.
“Essa é a saúde do Wilson Lima, quando fala que cuida da gente. Mulheres em trabalho de parto do lado em locais inadequados, bebês nascendo no chão em Manaus por falta de atendimento médico”, criticou Wilker.
“É impossível não me revoltar! Imagina o sentimento de um pai vendo seu filho nascer no chão de um hospital. É um absurdo”, ponderou Barreto.
Cirurgias ginecológicas suspensas
No dia 18 de agosto, Wilker denunciou que as cirurgias ginecológicas e atendimentos na especialidade de mastologia estavam suspensas no Instituto da Mulher Dona Lindu, considerada referência no atendimento à saúde da mulher na região Norte.
Em relação aos atendimentos de mastologia, as mulheres estão sendo orientadas a buscar o serviço na Unidade Básica de Saúde (UBS) e solicitar uma nova consulta nesta especialidade médica, fundamental para a prevenção, diagnóstico e tratamento da saúde da mama.
Em alguns casos, pacientes que tinham consulta agendada estão esperando dias ou meses para serem atendidos.
Falta de profissionais para atendimento aos pacientes
Também no dia 18, Wilker detalhou os problemas encontrados em viagem aos municípios de Atalaia do Norte e Tonantins, no Alto Solimões, que sofrem com a ausência de médicos cirurgiões e ginecologistas, respectivamente.
Moradores relataram que grávidas são obrigadas a procurar atendimento em outros municípios para realizarem o parto de cesárea, acarretando grandes riscos às mães durante o deslocamento, assim como a falta do acompanhamento ginecológico às pacientes.
“O secretário de Saúde foi a Tabatinga. Por que não foi ver Atalaia do Norte, que está há meses sem um cirurgião? Por que não cuidou de toda aquela região? Por isso, estou cobrando publicamente providências em nome de mães daquelas cidades que não têm como fazer nenhum tipo de parto de cesárea”, cobrou Barreto.
Moradores da zona leste sofrem com Caic abandonado
Ainda nesta quarta, Wilker denunciou que o Centro de Atenção Integral à Criança (Caic) Dr. Edson Melo, localizado no bairro Zumbi II, na zona leste de Manaus, está há um ano e meio fechado para reforma, mas até agora não foi reinaugurado.
Segundo o parlamentar, a paralisação dos serviços está prejudicando as mães da comunidade, que buscam atendimento infantil em outros bairros, porém, acabam encontrando outras dificuldades, como a distância, falta de estrutura e de informação nas outras unidades.