6 de abril de 2025 | 20:24

Falhas no atendimento médico da Hapvida para crianças autistas são denunciadas por grupo de pais e mães

Uma comissão de pais e mães de crianças com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) esteve hoje (17-jul) na Assembleia Legislativa do Amazonas para uma reunião com o deputado estadual Wilker Barreto (Cidadania).

No encontro, os pais e mães denunciaram o descaso por parte da rede de saúde Hapvida no atendimento às crianças autistas.

Os familiares relataram uma série de irregularidades cometidas pela empresa, como a falta de profissionais especializados para o atendimento adequado dos autistas, ausência de estrutura e até descumprimento de decisões judiciais por parte da operadora.

Durante a reunião, o grupo enumerou diversos casos de despreparo dos profissionais no atendimento às crianças com TEA.

Falhas no atendimento

É o caso relatado por Márcia Castro, mãe de uma criança com nível 3 de autismo, considerada o nível mais severo do transtorno. Bastante emocionada, ela disse que a filha foi vítima de um atendimento precário na Hapvida.

“Quando cheguei ao hospital, minha filha teve uma crise. Os enfermeiros passavam e só olhavam, pedi socorro para uma mãe chamar o médico, quando ele viu ela se debatendo no chão. Expliquei, e ele brigou com meu marido porque ele não estava lá, mas sim estacionando o carro”, relembra a mulher.

Foi ríspido, grosseiro com a minha filha, eu falei: ‘doutor, a minha filha é grau 3 de suporte, tenha empatia. Médicos e enfermeiros despreparados para atender, até para colocar o oxímetro não tinham a menor paciência”, lamentou a mãe.

“É uma falta de respeito! Minha filha saiu sem ser medicada, ela entrou em crise e simplesmente mandaram de volta pra casa. Como que a gente fica numa situação dessa?”, contou Márcia, aos prantos.

Problemas no acesso à neuropediatria

Outra dificuldade relatada é o acesso à disponibilidade de consultas para especialidades como neuropediatria, fundamental para o tratamento de doenças que comprometem o sistema nervoso e neurológico. Segundo Ayda Freitas, a espera chega a durar mais de quatro meses.

“Desde consultas simples com pediatras, oftalmologistas e outras, são de três a quatro meses, depois de muita insistência. Quando se fala em terapias especializadas, aí que vem a vergonha, porque os profissionais não são especializados e qualificados”, criticou Ayda, mãe de uma criança de 7 anos diagnosticada com autismo.

“Quando se tem um plano de saúde que atende crianças, atípicas ou não, tem que ter neuropediatras especializados. Hoje têm somente dois e nem são neuros para atender adulto e infantil’’, lamentou.

Descumprimento judicial

Outro ponto citado pelos pais é o descumprimento de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado em janeiro deste ano entre a Hapvida e o Ministério Público do Amazonas (MPAM).

O documento tem o objetivo de garantir o acesso a tratamentos adequados para crianças autistas.  O pacto visava que a rede de saúde encaminharia os atendimentos para as clínicas credenciadas caso o plano não tivesse o serviço, no entanto, o tratamento das crianças começou a sofrer interrupções por parte da empresa.

Medidas

Wilker repudiou a atuação da Hapvida diante das denúncias recebidas e afirmou que acionará a Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM), Agência Nacional de Saúde (ANS), o Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE-AM) e a Corregedoria do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) para cobrar providências da operadora.

“Essa empresa não presta serviço de qualidade para os seus clientes, configurando um desserviço para a população. Vou pedir uma reunião com o corregedor de justiça do Amazonas, acionar a ANS, MP e bancada federal dos deputados, para colocarmos essa empresa no constrangimento moral, porque só funciona assim, quando sente no bolso”, finalizou Wilker.

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