O presidente Jair Bolsonaro (PL) lidera na tarde deste domingo (06-abr) uma nova manifestação para pressionar pela anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. Dessa vez, o evento acontece na Avenida Paulista, em São Paulo. O encontro contou com a participação e o apoio de governador do Amazonas Wilson Lima (União Brasil).
Na Paulista, Bolsonaro subiu ao trio elétrico pouco antes das 14h, ao lado de sua mulher, Michelle Bolsonaro (PL), que não foi à manifestação no Rio. Assim como a anterior, a manifestação em São Paulo começou com o Hino Nacional.
Ao todo, 10 pessoas foram escaladas para discursar. Entre eles, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que criticou o Supremo Tribunal Federal (STF) e chamou os ministros de “ditadores de toga”.
“E digo mais, fizeram de tudo para poder massacrar a maior liderança política deste país, que é o Bolsonaro. Digo novamente: se lascou!”, prosseguiu Nikolas.
Depois, o deputado mineiro criticou o presidente da Suprema Corte, Luís Roberto Barroso.
Governadores de direita participam de ato
Também participam do ato na Paulista os governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo), Romeu Zema (Minas Gerais), Jorginho Mello (Santa Catarina), Ratinho Júnior (Paraná), Ronaldo Caiado (Goiás), Mauro Mendes (Mato Grosso) e Wilson Lima (Amazonas).
Tarcisio, Zema, Jorginho e Ratinho são cotados como nomes da direita para a disputa ao Planalto em 2026. Caiado se lançou pré-candidato na última sexta (4). Mesmo inelegível até 2030, Bolsonaro ainda se coloca na corrida.
“Queremos anistia. Vamos trabalhar para isso. É por isso que estamos fazendo esses encontros. Primeiro nós precisamos ver como é que fica a situação do Bolsonaro. Mas eu tenho certeza que o Bolsonaro vai ser candidato. Tenho certeza”, ressaltou.
Caiado condena atos de 8 de janeiro, mas diz que penas são altas
Também pouco antes do início dos discursos na Paulista, Ronaldo Caiado afirmou que os atos de 8 de janeiro são indefensáveis, mas que as penas aplicadas aos participantes são pesadas demais.
Já Cláudio Castro cancelou a participação no ato em São Paulo por causa das chuvas fortes no Rio. “Eu já estava programado, mas por causa de todo o acontecido no Rio, não tenho como sair nesse momento”, disse em vídeo divulgado nas redes sociais.
Batom vira símbolo por causa de cabeleireira
A anistia é prioridade para a oposição, mas o projeto de lei que trata sobre o tema está travado na Câmara dos Deputados. Caso seja aprovado, ele pode beneficiar o próprio Bolsonaro e integrantes do seu governo, denunciados por tentativa de golpe de Estado.
Mais de 500 pessoas já foram condenadas pelo STF pelos atos de 8 janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes, em Brasília, foram invadidas e depredadas por pessoas que queriam derrubar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
As penas variam de três a 17 anos de prisão pelos crimes de tentativa de abolição do Estado democrático de direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa e deterioração de patrimônio público.
Hugo Motta resiste à pressão da bancada do PL
A bancada do PL tenta pressionar o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a receber e colocar em votação um requerimento de urgência à proposta.
No entanto, Motta não sinalizou publicamente qualquer disposição em levar o tema adiante. O presidente da Câmara teme que, caso acate o pleito da oposição, crie uma indisposição com o Palácio do Planalto e o STF.
Conforme pesquisa Quaest divulgada neste domingo, 56% dos entrevistados defendem que os envolvidos nas invasões de 8 de janeiro devem continuar presos por mais tempo cumprindo suas penas. Já 34% acham que eles nem deveriam ter sido presos ou já estão presos por tempo demais.
Malafaia culpou horário e Fla-Flu por baixo público no Rio
O ato em Copacabana foi realizado em 16 de março. A expectativa da organização era receber pelo menos 500 mil pessoas, mas um laboratório ligado à Universidade de São Paulo calculou 18,3 mil pessoas presentes.
A Polícia Militar do Rio de Janeiro chegou a anunciar 400 mil manifestantes, mas ainda assim o ato não gerou a pressão política esperada. Desde então, a proposta de anistia não caminhou na Câmara.
“Eu avisei ao Bolsonaro: ‘carioca, no domingo, acorda mais tarde. Se der praia, piora, tem jogo de Fla-Flu’. Mas ele: ‘não, vamos fazer, vamos fazer. Depois fazemos um em São Paulo’”, contou Malafaia em entrevista ao portal Uol.