O governo do Amazonas pode ter “manipulado” o número de mortes divulgado pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) na segunda onda da pandemia, entre os meses de janeiro a março do ano passado.
A suspeita é que o governo tenha divulgado um número menor de mortes em comparação ao que realmente aconteceu no Estado. A denúncia foi levantada pelo presidente do grupo Samel, Luís Alberto Nicolau.
Ele defende que os dados epidemiológicos fornecidos pelo governo do Amazonas enganam a população sobre a realidade da pandemia. A hipótese é que centenas de mortes não foram registradas nos boletins oficiais da FVS.
Diante das denúncias, o deputado estadual Wilker Barreto encaminhou ofício ao Ministério Público do Amazonas (MPAM), solicitando que o órgão averigue, junto à Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM), as cópias dos registros dos Atestados de Óbitos e de Internações nas unidades de saúde de Manaus.
O documento pede também que sejam analisados os prontuários médicos de todos os pacientes com as evoluções nas últimas 48 horas. A suspeita é que o governo de Wilson Lima continue manipulando os números da pandemia. O motivo seria não despertar pânico entre a população por causa do aumento do número de mortes.
Para Wilker, a apuração dos documentos é fundamental para garantir a transparência das informações do cenário pandêmico no Estado.
“Essas denúncias são muito graves. É preciso ter transparência nas informações do cenário pandêmico no Estado, principalmente para salvaguardar os usuários da rede pública de saúde”, argumenta Wilker.
“Por isso, peço que o MPAM apure toda a documentação e apure a responsabilidade civil e criminal, caso tenha algo comprovado”, finalizou o parlamentar.
Crise do oxigênio
Em 15 de janeiro de 2021, os deputados Wilker Barreto e Dermilson Chagas ingressaram com uma representação no Ministério Público Federal do Amazonas (MPF/AM), civil e criminal, contra o governador Wilson Lima (PSC) pelos possíveis crimes de improbidade administrativa e gestão temerária. A ação ocorreu em virtude das mortes nas unidades hospitalares do Amazonas por conta da crise do oxigênio, agravado com o aumento dos novos casos da Covid-19.
Na ocasião, os parlamentares também solicitaram que o Ministério Público do Estado do Amazonas averiguasse, junto à SES-AM, as cópias dos registros dos Atestados de Óbitos das Unidades de Saúde de Manaus, decorrentes das inúmeras mortes sem oxigênio nos hospitais.