Ciclomotor da Caloi que marcou época nas décadas de 1980 e 1990 volta ao Brasil eletrificado para brigar contra scooters e ser opção de mobilidade.
As Caloi Mobylette marcaram a infância de muitos brasileiros nas décadas de 1980 e 1990. Lançada em 1975, logo se tornou uma solução de mobilidade e ficou famosa ao ponto de emprestar popularmente seu nome para qualquer modelo similar de outras marcas.
Todos esses ciclomotores passaram a ser chamados de “Mobilete”, assim como chamamos qualquer lâmina de barbear de “Gillette”, qualquer fita adesiva de “Durex”, qualquer esponja de aço de “Bombril”, qualquer água sanitária de “Cândida” e qualquer absorvente feminino de “Modess”.
Em março último, a Caloi anunciou que a magrelinha terá vida nova. Mas, agora, a Mobylette abandonará o característico barulho do motor dois-tempos, abastecido com gasolina e óleo, para rodar na calmaria e silêncio de um elétrico.
Visual nostálgico
Se a primeira impressão é a que fica, a Mobylette está com a moral elevada. Ela não desapegou de suas antepassadas e manteve linhas parecidas com aquelas do século passado. Ao mesmo tempo, tratou de se atualizar para agradar os jovens de hoje.
O quadro característico com forma arqueada é de alumínio e contribui bastante para que a Moby pese apenas 30 kg. Sua pintura é preta, assim como o guidão de aço. Ela ainda conta com um selim – famoso banco – retrô que leva a grafia “Caloi”..
Tanto o motor quanto a bateria ficam escondidos para não roubarem a cena. O propulsor elétrico de 36V rende 350W de potência (menos de 0,5 cv) e está localizado no cubo de roda traseiro, enquanto a bateria de íons de lítio de 10Ah fica sob o banco e tem conector para recarga.
Por fim, ela ainda carrega uma pequena tela ao lado direito do guidão, que funciona como uma espécie de computador de bordo, mostrando velocidade e outros dados.
Como é andar na Mobylette elétrica
Não tive dificuldade para montar na Mobylette, já que o selim tem um posicionamento relativamente baixo. Mesmo não encontrando um ajuste de altura para o banco, fiquei em uma posição confortável para pilota-lá. Para ligar, basta apertar o botão de ligar/desligar na telinha do guidão.
Diferentemente das antigas Mobylette, não há barulho de motor dois-tempos para te avisar que ela já está ligada. Em vez disso, o visor acende e mostra que é hora de pedalar ou acelerar.
Porque, sim, há a opção de usar só o motor ou acrescentar o chamado “pedal assistido”, unindo as forças da sua perna à elétrica, numa espécie de condução híbrida.
O pedal pode ser regulado nos modos Eco, Mid e High, através do display. O motor elétrico impulsiona a pedalada e faz com que ela renda muito mais do que em uma bicicleta convencional.
Parece cômodo, e é, mas o processo causa estranheza no início. A cada pedalada, o motor te impulsiona mais para frente do que você esperaria em uma bicicleta comum. De início, é bom praticar o uso do pedal assistido em um lugar mais espaçoso, para não correr o risco de bater.
A parte boa é que cansa bem menos, e você pode rodar maiores distâncias com esse auxílio. A sensação é de estar pedalando em uma descida o tempo todo e o esforço é mínimo.
No modo totalmente elétrico, ela mostra ainda mais agilidade. O acelerador fica no lado direito do guidão e a experiência é parecida com a de patinetes elétricos.
O motorzinho tem apenas 36V e renda 350W (0,47 cv) de potência e 4 kgfm de torque, o suficiente para impulsionar a Mobylette com sobra, dando até um leve coice para trás, comum em veículos elétricos. Só falta elasticidade. Tanto que a velocidade máxima é de 25 km/h.
Pena que a bateria seja pequena e tenha pouca autonomia, rodando no máximo 30 km no “modo preguiça” ou 100% elétrico, sem uso do pedal assistido. Isso, claro, se a via for plana. Em trajetos com subidas, esse número se reduz.
Se o condutor estiver disposto a mesclar o uso dos pedais, dá para alcançar distâncias longas com intervalos de atividade física. Tudo é uma questão de planejar quando usará o modo elétrico (em subidas, por exemplo) e quando usará as pernas.
Para fechar, os pneus de quatro polegadas são largos e macios – a cereja do bolo. Eles deixam o visual invocado – a Mobylette fica até parecendo mais larga – e ainda contribuem para um “rolê” bem confortável.
Vale a pena comprar?
A nova Mobylette elétrica é uma alternativa muito interessante para quem quer fugir dos preços exorbitantes dos combustíveis em deslocamentos mais curtos e urbanos.
Infelizmente, o preço é salgado. A Caloi pede R$ 9.200, que é praticamente o mesmo valor cobrado pela Shineray por sua Scooter de 2.000 Watts ou 2,7 cv, praticamente seis vezes mais potente do que a Mobylette elétrica.
Porém, não há outro modelo no mercado capaz de entregar a nostalgia da Mobylette. Basta montar em uma e ter a chance de rodar por alguns metros para cogitar a compra. Eu mesmo terminei a experiência me coçando para não ficar R$ 10.000 mais pobre e ir direto para casa com ela.