O IPS Brasil divulgou um estudo inédito que revela o cenário socioambiental das 15 capitais brasileiras que avançaram para o segundo turno das Eleições 2024. O levantamento destaca tanto os avanços quanto os desafios enfrentados por essas cidades em áreas cruciais como saúde, educação, segurança e sustentabilidade, oferecendo uma visão clara dos pontos fortes e fragilidades que poderão influenciar os próximos anos na gestão pública.
Segundo o ranking das capitais com melhor qualidade de vida divulgado pelo índice, Goiânia ocupa a segunda posição com nota 70,49 – diferença de menos de 1 ponto para a primeira colocada, Brasília (71,25), no Distrito Federal, onde não há eleições municipais. Ao final do ranking, encontra-se Porto Velho (57,10), onde os eleitores também tiveram que retornar às urnas neste último domingo.
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Ao todo, 15 capitais brasileiras terão o segundo turno nas Eleições 2024, no próximo dia 27 de outubro. São elas: Aracaju (SE), Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Goiânia (GO), Fortaleza (CE), João Pessoa (PB), Manaus (AM), Natal (RN), Palmas (TO), Porto Alegre (RS), Porto Velho (RO) e São Paulo (SP). As demais onze capitais elegeram seus prefeitos na primeira rodada.
Segundo Melissa Wilm, coordenadora do IPS Brasil, entender o progresso social das capitais é fundamental para uma escolha consciente nas eleições, pois ele revela a qualidade de vida oferecida pela gestão pública e o impacto direto nas necessidades essenciais da população, como saúde, educação e segurança.
Ao conhecer os pontos fortes e os desafios socioambientais enfrentados por cada cidade, o eleitor pode avaliar se as propostas dos candidatos estão alinhadas com as melhorias que a sua comunidade mais precisa, tornando o voto um instrumento poderoso para promover mudanças reais e positivas.
Melissa reforça que diferente de outros índices, o IPS avalia a vida real das pessoas. “O progresso social vai além de indicadores econômicos, oferecendo uma visão mais ampla sobre o bem-estar da população, incluindo questões de desigualdade, acesso a serviços básicos e sustentabilidade. Com essa perspectiva, o eleitor tem a oportunidade de refletir sobre quais candidatos estão comprometidos com políticas públicas que realmente promovam inclusão social e desenvolvimento sustentável. Ao considerar esses fatores, é possível escolher líderes capazes de enfrentar os desafios mais urgentes e contribuir para o avanço das cidades de maneira equilibrada e justa”.
Goiânia também está no topo da lista dos municípios com melhor qualidade de vida do seu estado. A capital é uma das mais arborizadas do país, o que explica o destaque positivo para o indicador Áreas Verde Urbanas. A dimensão que teve o melhor resultado foi Necessidades Humanas Básicas, que pontuou 80,56. Já o componente de Inclusão Social teve um dos piores desempenhos.
A disputa para prefeitura protagonizada por dois homens brancos neste segundo turno, por exemplo, pode ser um sintoma do fraco desempenho nos indicadores de paridade de gênero e de negros na Câmara Municipal da cidade.
A capital de Minas Gerais, Belo Horizonte, ficou com nota 69,62. As dimensões: Necessidades Humanas Básicas (77,43) e Fundamentos do Bem-estar (71,96) alcançaram os melhores resultados, sobretudo no componente de Acesso à Informação e Comunicação e seus indicadores: Densidade Internet Banda Larga Fixa e Densidade Telefonia Móvel. A dimensão Oportunidades obteve uma nota mais baixa quando comparada às outras duas, pontuando 59,46. O componente pior avaliado foi o de Inclusão Social.
Curitiba, capital do Paraná, obteve nota 69,36. A dimensão Oportunidades (53,44), embora tenha alcançado resultado relativamente forte quando comparada a municípios com a mesma faixa de PIB, seu componente de Inclusão Social ficou para trás, sobretudo no que diz respeito ao indicador de Violência contra Mulheres. As dimensões Necessidades Humanas Básicas e Fundamentos do Bem-estar pontuaram 79,56 e 75,08 respectivamente.
A capital, São Paulo, ficou com nota 68,79, segundo o IPS Brasil 2024. As três dimensões – Necessidades Humanas Básicas (83,19), Fundamentos do Bem-estar (71,35) e Oportunidades (51,83), conquistaram resultados positivos. Porém, o componente de Inclusão Social teve o pior desempenho, apontando para desafios sobretudo no que diz respeito à violência contra indígenas.
Cuiabá atingiu nota 68,47. A dimensão que obteve melhor resultado na capital de Mato Grosso foi Necessidades Humanas Básicas (78,32) seguida por Fundamentos do Bem-estar (69,63), com destaque para os componentes: Água e Saneamento, Moradia, Acesso à Informação e Comunicação e Qualidade do Meio Ambiente. A dimensão Oportunidades ficou com nota 57,47, concentrado desafios no componente de Inclusão Social.
Campo Grande alcançou nota 68,21. A capital de Mato Grosso do Sul conquistou seu melhor resultado na dimensão Necessidades Humanas Básicas (80,25), com destaque para os componentes: Moradia e Água e Saneamento. Já a dimensão Oportunidades (55,14) apresentou a nota mais baixa, com alerta vermelho para o componente de Inclusão Social, sobretudo no que diz respeito ao indicador Paridade de Gênero na Câmara Municipal. Vale destacar que nesta eleição, é a primeira vez na história que duas mulheres disputam o segundo turno na cidade.
A capital de Tocantins, Palmas, ficou com nota 68,07. A dimensão com a melhor nota foi Necessidades Humanas Básicas (74,97), com destaque para o indicador Hospitalizações por Condições Sensíveis à Atenção Primária. As dimensões Fundamentos do Bem-estar e Oportunidades pontuaram 73,13 e 56,12 respectivamente. O componente de Inclusão Social foi o pior avaliado, destacando desafios no que diz respeito aos indicadores: Paridade de Negros na Câmara Municipal e Violência contra Mulheres.
Aracaju pontuou 67,89. A capital de Sergipe obteve sua melhor nota da dimensão Necessidades Humanas Básicas (73,19). Porém, nesta mesma dimensão, o componente de Segurança Pessoal se destacou negativamente o maior desafio da cidade, sobretudo no que diz respeito ao assassinato de jovens e homicídios. As outras dimensões, Fundamentos do Bem-estar e Oportunidades, pontuaram 69,53 e 60,3 respectivamente.
A capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, alcançou nota 66,9. A maior nota foi na dimensão Necessidades Humanas Básicas (75,11), destacando o componente de Água e Saneamento. Já as dimensões Fundamentos do Bem-estar e Oportunidades pontuaram 68,08 e 57,5 respectivamente. Vale destacar que esses dados foram coletados anteriormente à tragédia das enchentes, e o Índice de Vulnerabilidade Climática dos Municípios (IVCM) já era sinalizado como um alerta vermelho.
João Pessoa conquistou 65,55 pontos. A capital da Paraíba teve sua melhor nota na dimensão Necessidades Humanas Básicas (76,05), com destaque para o componente de Moradia. Fundamentos do Bem-estar e Oportunidades ficaram com nota 69,17 e 51,44 respectivamente. Os indicadores pior avaliados da cidade foram: Cobertura Vacinal (Poliomielite), Abandono no Ensino Fundamental e Paridade de Gênero na Câmara Municipal.
A capital do Rio Grande do Norte, Natal, ficou com nota 64,45. A dimensão com a melhor nota foi Necessidades Humanas Básicas (72,28), destacando os componentes: Nutrição e Cuidados Médicos Básicos e Moradia. As dimensões Fundamentos do Bem-estar e Oportunidades pontuaram 66,56 e 54,5 respectivamente. O componente com a pior nota foi Direitos Individuais.
Fortaleza pontuou 64,42. A capital do Ceará apresentou seu melhor desempenho na dimensão Necessidades Humanas Básicas (72,86), com destaque para o componente de Moradia. A dimensão Fundamentos do Bem-estar e Oportunidades alcançaram nota 71,15 e 49,26 respectivamente. O componente pior avaliado foi o de Inclusão Social, com destaque negativo para o indicador de Violência contra Mulheres.
MANAUS
A capital amazonense, Manaus, ficou com nota 64,35. A dimensão com a melhor nota foi Necessidades Humanas Básicas (71,22), destacando os componentes de Moradia e Água e Saneamento. Porém, nesta mesma dimensão, concentraram-se os piores índices, sobretudo no componente de Segurança Pessoal. As dimensões Fundamentos do Bem-estar e Oportunidades alcançaram 67,77 e 57 pontos respectivamente.
Belém pontuou 62,51. A dimensão melhor avaliada da capital do Pará foi Necessidades Humanas Básicas (71,93), com destaque para o componente de Moradia. Fundamentos do Bem-estar e Oportunidades pontuaram 66,24 e 49,37 respectivamente. O componente de Inclusão Social foi o pior avaliado foi o de Inclusão Social, sobretudo no que diz respeito ao indicador de Violência contra Mulheres.
A capital de Rondônia, Porto Velho, ficou com nota 57,1. A dimensão Necessidades Humanas Básicas (54,4) alcançou a maior nota. Porém, nesta mesma dimensão, o componente de Água e Saneamento foi o pior avaliado da cidade, com destaque negativo para os indicadores: Abastecimento de Água via Rede de Distribuição e Índice de Abastecimento de Água. Já as dimensões Fundamentos do Bem-estar e Oportunidades alcançaram nota 60,4 e 53,5 respectivamente.
Sobre o Índice de Progresso Social
Criado para oferecer uma visão mais ampla do progresso social, o IPS é uma ferramenta essencial para gestores públicos e organizações na identificação de áreas prioritárias de intervenção. Ele vai além dos indicadores econômicos tradicionais, como o Produto Interno Bruto (PIB) e avalia o desenvolvimento de uma sociedade a partir de três dimensões principais: Necessidades Humanas Básicas, Fundamentos para o Bem-estar e Oportunidades, abrangendo indicadores como saúde, educação, acesso à informação e direitos individuais.
No site do IPS Brasil, é possível analisar o perfil detalhado de todos os municípios, identificando em quais áreas cada um se destaca e onde há necessidade de melhorias. A plataforma também permite comparar municípios que estão na mesma faixa de PIB, área e população, oferecendo uma ferramenta poderosa para gestores públicos, investidores sociais e a sociedade em geral entenderem melhor as dinâmicas de desenvolvimento local.
Como é feito?
Para traçar um quadro completo da qualidade de vida dos municípios, o IPS avalia um conjunto de indicadores em três grandes dimensões. Cada indicador passa por um processo rigoroso na modelagem estatística, desde a normalização, para que os dados sejam comparáveis, à validação da qualidade estatística do dado, definição de valores máximos e mínimos, e definição de pesos para cada indicador dentro dos componentes.
O índice varia de zero (pior) a 100 (melhor) e corresponde à média simples dos índices de progresso social das três dimensões (Necessidades Humanas Básicas, Fundamentos para o Bem-estar e Oportunidades). Foram utilizados um total de 53 indicadores, secundários e públicos de fontes oficiais e de institutos de pesquisa, com fontes como DataSUS, Instituto de Estudos para Políticas de Saúde, Conselho Nacional de Justiça, Mapbiomas, Anatel, CadÚnico, Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, entre outras.