O deputado federal Silas Câmara (Republicanos-AM) assume a presidência da Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional em um momento de confronto entre os parlamentares e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Câmara ocupará o cargo até fevereiro de 2025 no lugar de Eli Borges (PL-TO), um dos autores do PL Antiaborto, que equipara a interrupção da gravidez após 22 semanas ao crime de homicídio.
A troca na liderança ocorre em meio às tensões que levaram o Planalto a colocar a tropa de líderes para trabalhar contra a proposta. Enquanto Borges defende o projeto, Câmara tenta apaziguar os ânimos, indicando uma abordagem mais moderada e aberta ao diálogo.
“Com certeza, a comunicação sempre será uma peça importante da democracia e, nesta casa, esta comissão presta um grande trabalho para a democracia brasileira”, declarou o deputado ao tomar posse do cargo na semana passada.
A escolha de Câmara foi bem recebida pelo Planalto, que iniciou recentemente uma aproximação com os evangélicos para reduzir as tensões com o governo Lula. Na semana passada, o ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos, discursou em um templo em São Paulo onde criticou a proposta.
A Frente Parlamentar Evangélica, sob sua liderança pela quarta vez, promete um ano de intensos trabalhos, apesar das demandas do calendário eleitoral no segundo semestre. Câmara enfatiza que a comunicação e o diálogo serão fundamentais para o funcionamento democrático e a efetiva atuação da bancada.
“Não tenho alinhamento ou aliança (com o presidente Lula), mas não sou oposição ao Brasil. O governo precisa ter as aprovações necessárias para o país funcionar”, completou durante a posse.
Silas Câmara é casado com a economista e missionária Antônia Lúcia (Republicanos-AC), que também atua como deputada federal. Sua gestão à frente da Frente Evangélica é esperada com interesse, especialmente pela perspectiva de promover uma agenda que equilibre os interesses da base evangélica com um diálogo mais aberto e construtivo com o governo e a sociedade.
O deputado é natural de Rio Branco (AC), pastor evangélico, jornalista e teólogo. Na Câmara dos Deputados desde 1999, já presidiu comissões importantes como a de Minas e Energia, Desenvolvimento Urbano, e da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional.
Ele também é vice-presidente da Frente Parlamentar da Pesca e se destacou como autor da Lei 14.300/2022, que regula o marco regulatório do micro e minigeração distribuída de energia elétrica.
Câmara conta com o apoio de líderes mais moderados dentro da bancada evangélica, como Cezinha de Madureira (PSD-SP), e mantém uma boa relação com o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, bispo licenciado da Igreja Universal. Esse apoio foi crucial para sua ascensão na Frente Evangélica, que atualmente inclui 203 deputados e 26 senadores.
Durante sua carreira, Câmara também disputou a prefeitura de Manaus em 2016, ficando em terceiro lugar, e foi vice-líder do Republicanos de 2020 a 2022. Em 2022, ele garantiu a reeleição para o sétimo mandato com 185 mil votos, consolidando sua influência na política nacional.
A atuação dele é caracterizada por uma abordagem versátil, com ênfase em segurança pública, saúde, educação, geração de emprego e renda e justiça social.