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21 de novembro de 2024 | 17:29

Índios aceitam acordo para construção do linhão de energia ligando Manaus a Boa Vista

Um linhão levando energia elétrica de Manaus a Boa Vista será finalmente construído, após anos de negociações e impasse com os índios Walmiri-Atroari, que esta semana aceitaram a oferta de R$ 133 milhões do governo federal para que ele passe por mais de 122 km da sua reserva, na divisa entre os estados do Amazonas e Roraima, pela rodovia BR-174 que liga as duas capitais. As obras devem durar cerca de 36 meses.

O repasse foi assinado pelo presidente Jair Bolsonaro e o governdor de Roraima, Antônio Denarium , assinado esta semana em Brasília a título de contrapartida apontadas nos termos da licença de instalação, concedida pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis, no território índígena.

O advogado da Associação Comunidade Waimiri Atroari, Harilson Araújo, confirmou em entrevista exclusiva a um jornal de Boa Vista que, após dois dias de reuniões os Walmiri-Atroari aceitaram as condições da obra da linha de energia que sai da hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, e vai interligar Roraima ao resto do Brasil.

Segundo o representante indígena, o plano básico ambiental mostra 37 impactos na reserva indígena – 27 são irreversíveis e terão de ser devidamente indenizados e mitigados.

Dos R$ 133 milhões, o governo federal repassará R$ 90 milhões e o consórcio de empresas que vai executar a obra, R$ 43 milhões.

A obra orçada em mais de R$ 1,5 bilhão, integra finalmente, Roraima ao resto do país pelo Sistema Interligado Nacional (SIN), do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

“Cerca de 450 indígenas, lideranças de todas as aldeias Waimiri-Atroari decidiram dar seu aceite a contraproposta que foi apresentada pela TNE e pelo governo Federal, como compensação pela passagem das torres pelas terras indígenas”, disse o advogado dos Walmiri-Atroari.

Mas, ainda segundo o advogado, os valores não seria exatamente os oficiais divulgados pelos governos federal e de Roraima.

“Vale ressaltar que os valores divulgados pela imprensa e governo de Roraima não condizem com os valores apresentados na contraproposta trazida aos Waimiri Atroari pela TNE e pelo governo federal. Se tudo for cumprido, conforme a contraposta, aí sim, o empreendimento poderá se iniciar” explicou.

Saiba mais

A linha de alta tensão atravessará mais de 120 km dentro da Terra Indígena Waimiri-Atroari, nos Estados de Roraima e Amazonas, implicando na construção de aproximadamente 250 torres de energia elétrica, grande movimentação de maquinário e operários, agravantes para a disseminação do novo coronavírus.

Roraima era, até agora, o único estado brasileiro não integrado ao Sistema Interligado Nacional. Nos últimos 10 anos, o fornecimento de energia foi suprido pela compra da hidrelétrica de Guri na Venezuela e por diversas usinas termoelétricas espalhadas pelo estado.

Em maio de 2019 foi realizado o leilão de energias renováveis, que rendeu a contratação de 263,5 MW, com investimentos de mais de R$ 1,62 bilhão.

Já estão em funcionamento a Usina Jaguatirica II, em Boa Vista, que produz energia a partir do gás vindo do Campo Azulão, no Amazonas e que é exportado pela BR-174 (Manaus – Boa Vista). Além de duas termelétricas do complexo energético Serra da Lua, da empresa Oxe, que estão em funcionamento desde março de 2022

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