O uso de amido extraído da mandioca aliado a fungos amazônicos no tratamento do câncer de pele é tema de uma pesquisa cujo objetivo é criar curativos para liberação controlada de medicamentos que serão aplicados na pele e terão atividades anticâncer e cicatrizante.
O projeto de pesquisa, que tem o apoio do Governo do Estado via Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam), deve ser concluído no segundo semestre de 2023 e é realizado de forma colaborativa entre a Fapeam e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), sob a coordenação da doutora em Química, Patrícia Melchionna, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e da doutora em Engenharia Química, Mariana Agostini, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Os curativos transdérmicos podem auxiliar no tratamento de lesões ocasionadas pelo câncer de pele, uma vez que a liberação controlada de fármacos utilizando esse tipo de dispositivo garante que o princípio ativo passará para a pele de forma lenta e contínua, explica a coordenadora do estudo. Ela destaca ainda em qual fase o projeto se encontra e qual a previsão de conclusão.
“Os extratos fúngicos amazônicos já foram preparados, o amido da mandioca já foi extraído e o filme de amido preparado. A incorporação dos extratos fúngicos nos filmes já foi realizada. Neste momento, está sendo iniciada a concentração dos compostos bioativos no sistema de extração com líquidos pressurizados (PLE – pressurized liquid extraction), bem como a caracterização dos filmes de amido produzidos. A conclusão está prevista para agosto de 2023”, reforça Patrícia Melchionna.
A parceria entre a Fapeam e Fapesp foi avaliada como muito importante para a aproximação dos pesquisadores da UEA e da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) com os cientistas da Unifesp. O projeto representa a integração das áreas do conhecimento de biologia, biotecnologia, química e engenharia. A integração multidisciplinar entre os pesquisadores dos dois estados possibilita a promoção do desenvolvimento científico e tecnológico de ambas as regiões.
“O apoio da Fapeam é fundamental para o desenvolvimento do estudo, pois possibilitou a aquisição de equipamentos para o Laboratório da UEA, bem como de material de consumo para que a pesquisa seja realizada. Além disso, a Fapeam concedeu bolsa de apoio técnico, que nos auxilia com a produção dos extratos fúngicos na UEA e com a realização dos ensaios de atividade biológica na Ufam”, finaliza Patrícia.
Integram também o grupo de pesquisa os docentes do Departamento de Engenharia Química (DEQ) da Univesp: Priscilla Carvalho Veggi e Juliane Viganó; da Ufam, Pedro Henrique Campelo Felix e Marne Carvalho de Vasconcellos; e a bolsista de apoio técnico, Anne Terezinha Fernandes de Souza, graduanda em ciências biológicas da UEA.