O período de férias acentuou um problema comum em famílias com crianças pequenas: as brigas entre irmãos. Os conflitos entre os pequenos são naturais e fazem parte do processo de aprendizagem para relações interpessoais e desenvolvimento da personalidade.
Compreender os motivos dos atritos é importante para que os pais ou tutores possam intervir de maneira saudável nessas situações e estimular o diálogo entre os filhos.
De acordo com a psicóloga e professora do curso de psicologia da Faculdade Anhanguera, Marciene Lobato, os irmãos são um dos principais representantes das relações sociais na vida infantil e as demonstrações de afeto ou de agressividade são normais.
“Mesmo se amando muito, o conflito entre irmãos pode aparecer, pois pode haver ciúmes, disputas por espaço ou por atenção”, afirma a docente.
A maioria dos conflitos ocorre quando uma ou as duas crianças compartilham algum tipo de incômodo emocional, como quando são contrariadas ou se sentem ameaçadas ou invadidas. Até os 6 anos, as noções de socialização e de propriedade estão sendo construídas e é possível que haja desentendimentos na disputa por espaços ou brinquedos.
Ainda antes dos 10 anos, os jovens podem apresentar dificuldades para desenvolver a empatia e lidam com problemas envolvendo deboches, gozações e provocações.
A intervenção dos adultos não é recomendada em grande parte dos casos, apenas quando for solicitado por um dos filhos ou quando julgar que a discussão está tomando proporções mais sérias. Segundo a psicóloga, o ideal permitir que o problema seja resolvido pelas próprias crianças e, depois, apontar os comportamentos inadequados de forma pacífica e incentivá-las a comunicar sobre seus sentimentos.
CHEGADA DOS CAÇULAS
Um dos exemplos clássicos de conflitos dentro de casa acontece quando o primogênito sente ciúmes do caçula recém-chegado. A professora da Anhanguera explica que a insegurança causada por mudanças drásticas é um dos principais fatores que levam a criança a apresentar hostilidade, portanto, as crianças devem ser preparadas para receber os novos irmãos.
A situação pode ser amenizada ao incluir a filha ou filho mais velho na expectativa do bebê, como convidá-los para decoração do quarto ou compra de roupas, por exemplo, além de estabelecer uma parceria propondo a partilha de tarefas para quando o novo membro da família chegar.
“Como qualquer relacionamento afetivo, a relação entre irmãos tem potencial para trazer ganhos durante toda a vida, como a cumplicidade e união”, pontua.