A romã é uma fruta que possui diversos nutrientes e compostos bioativos que exercem efeitos benéficos em nosso organismo.
Possui a capacidade em reduzir o estresse oxidativo, o qual é um dos principais marcadores do desenvolvimento de doenças metabólicas, como resistência à insulina e diabetes tipo 2. Portanto, o uso da romã tem sido associado também no controle glicêmico.
Estresse oxidativo, suco de Romã e diabetes tipo 2
Sabe-se que o estresse oxidativo, é considerado uma das principais causas para as complicações vasculares do diabetes mellitus. Por este motivo, os pesquisadores buscam alternativas relacionadas à antioxidantes naturais, tais como os ricos em polifenóis na dieta, para diminuir os danos oxidativos nos indivíduos.
As sementes da fruta de romã são riquíssimas em vitaminas A e E, potássio, ácido fólico, vitamina C, cálcio, ferro, potássio, magnésio, ácido gálico, ácido elágico, entre outras substâncias.
Sohranb et al (2017), em uma análise conduzida com pacientes diagnosticados com diabetes tipo 2 analisou a relação entre o uso da romã e o estresse oxidativo.
Os indivíduos consumiram 200ml de suco de romã, por 6 semanas. E foi visto que houve redução nos parâmetros oxidativos que interferem no metabolismo glicídico, predispondo diminuição do risco de progressão da doença.
Dessa maneira, os pesquisadores sugerem que o consumo do suco de romã é benéfica quando associado ao tratamento estabelecido pelo médico.
Influência na redução da glicemia
Banihani et al (2014), realizaram um estudo com 85 pacientes diabéticos. Foi identificado que o consumo de suco de romã fresco fora responsável pela redução da glicemia em jejum e níveis de insulina, simultâneo ao aumento da função das células beta-pancreáticas.
Segundo os pesquisadores, um dos mecanismos chave pelo qual as frações de romã afetam os diabéticos tipo 2 é através da redução do estresse oxidativo e da peroxidação lipídica. Essa redução pode ocorrer pela neutralização direta das espécies reativas de oxigênio geradas, aumentando certas atividades enzimáticas antioxidantes.
De acordo com o estudo, os níveis glicídicos em jejum diminuíram significativamente devido ao ácido púnico, extrato metanólico de sementes e extrato de casca de romã.
Os compostos conhecidos da romã, como a punicalagina e ácidos elágico, gálico, oleanólico, ursólico e uálico, foram identificados como possíveis reguladores glicídicos.
Além disso, verificou-se que a fração de frutose do suco possui polifenóis antioxidantes únicos, taninos e antocianinas, que podem ser benéficos para controlar as condições do diabetes tipo 2.
Shishehbor et al (2016) verificaram que a ingestão de suco concentrado de romã produziu um aumento significativo no colesterol total e na lipoproteína de alta densidade (HDL-C), mas não em marcadores glicêmicos.
Como conclusão, sugeriram o consumo de suco concentrado de romã, ao menos 50ml por dia. Essa quantidade parece ter efeitos favoráveis em alguns marcadores de inflamação subclínica e pode aumentar as concentrações plasmáticas de antioxidantes em pacientes com diabetes tipo 2.
Um ensaio clínico, randomizado e controlado em indivíduos saudáveis indicou que os polifenóis presentes na romã podem atenuar a resposta glicêmica de uma refeição composta por alimentos com elevado índice glicêmico.
Como fundamento, os pesquisadores mostraram que polifenóis, como a punicalagina, podem inibir enzimas participantes do processo digestivo de carboidratos, aumentando seu tempo de absorção. Tal reação pode ser observada, segundo os autores, pelo consumo de suco de romã, não considerando o uso do extrato seco.
Embora o sumo de romã contenha uma concentração mais elevada de antioxidantes e nutrientes, todo o fruto contém fibras que podem auxiliar a retardar picos de açúcar no sangue.
Grande parte das pesquisas envolvendo o uso de romã no controle glicêmico geralmente analisa o suco. No entanto, alguns autores colocam que o uso do suco poderia vir a aumentar os níveis glicêmicos, uma vez que possivelmente haverá a inclusão de açúcar na preparação do suco.
É necessário então, maiores investigações sobre os efeitos da romã no controle glicêmico e sobre possíveis tratamentos que envolvam novos aspectos da romã.
Considerações Finais
A romã pode ser uma boa indicação para auxiliar na redução do risco de problemas do metabolismo glicídico, contribuindo com a manutenção da saúde dos indivíduos.
Evidências constantemente reforçam a importância do consumo do alimento in natura ou de seu suco concentrado como parte de hábitos alimentares saudáveis.
Porém, mesmo não havendo contraindicações diretas ao uso da romã para o controle glicêmico. Como qualquer outro tipo de suplemento natural, antes da inclusão na dieta deve-se informar ao paciente sobre a quantidade correta da fruta ou seus derivados para o devido consumo com segurança.
Referências
Sohranb, G.; Ebrahimof, S.; Sotoudeh, G. et al. Effects of pomegranate juice consumption on oxidative stress in patients with type 2 diabetes: a single-blind, randomized clinical trial. Int J Food Sci Nutr; 68(2):249-255,2017.
Banihani, S.A.; Makahleh, S.M.; El-Akwi, Z. et al. Fresh pomegranate juice ameliorates insulin resistance, enhances Beta-cell function, and decreases fasting serum glucose in type 2 diabetic patients. Nutr Res; 34(10):862-7,2014.
Shishehbor et al. Effects of Concentrated Pomegranate Juice on Subclinical Inflammation and Cardiometabolic Risk Factors for Type 2 Diabetes: A Quasi-Experimental Study. International Journal of Endocrinology and Metabolism 14.1 (2016): e33835. PMC. Web. 15 June 2016.
Kerimi, A.; Nyambe-Silavwe, H.; Gauer, J.S. et al. Pomegranate juice, but not an extract, confers a lower glucemic response on a high-glycemic index food: randomized, crossover, controller trials in healthy subjects. Am J Clin Nutr; 106(6):1384-1393,2017.