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23 de novembro de 2024 | 22:22

Santa Casa de Misericórdia de Manaus começa a ressurgir com a primeira etapa do restauro concluída

O projeto de reforma e resgate histórico da Santa Casa de Misericórdia, tombada como patrimônio histórico de Manaus e arrematada pelo Grupo Fametro, já tem sua primeira etapa concluída. Todo telhado foi trocado para preservar a estrutura.

A previsão é que a obra de restauro seja finalizada em dois anos.

“A Santa Casa faz parte da história de Manaus. Quanto manauaras não nasceram lá? Nosso objetivo é devolver esse magnífico prédio ao convívio da população, inaugurando um moderno hospital universitário, que contará com assistência à saúde em regime ambulatorial, unidade de urgência para atendimento imediato, diagnóstico e terapia, ao passo que também será ambiente para a formação e desenvolvimento de recursos humanos e pesquisa na área”  Maria do Carmo Seffair, reitora da Fametro

Localizado na rua 10 de Julho, no Centro Histórico de Manaus, o prédio de 143 anos está desativado desde 2004. Depois de décadas de abandono, a Santa Casa foi arrematada em leilão pelo Grupo Fametro por mais de R$ 9 milhões.

O projeto de restauro tem acompanhamento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e contempla um hospital universitário, além de um Estabelecimento Assistencial de Saúde (EAS), com atendimento do SUS (Sistema Único de Saúde). O investimento inicial é superior a R$ 10 milhões. Outros R$ 30 milhões estão previstos para a compra de equipamentos.

O engenheiro civil Hugo Miranda, que é um dos responsáveis pela obra, explicou que a primeira fase da reforma foi aprovada por meio de uma decisão da Justiça Federal para a construção do telhado.

“A troca do telhado nos ajudou a manter a integridade da estrutura e, como se trata de um prédio centenário, não existem mais os projetos arquitetônicos originais e todo o trabalho de reconhecimento de área foi feito em campo para que pudéssemos replicar da mesma forma”, detalhou o engenheiro.

Além do telhado, também foi feita a limpeza interna e externa e a demolição de algumas paredes que já tinham caído parcialmente.

“Concluindo o telhado, o próximo passo é iniciar a reconstrução de dentro da estrutura para realizar arremate de parede, reboco, entre outras coisas.

Por ser um hospital, torna-se uma obra muito mais complicada, porque existem algumas regulamentações necessárias, como o tipo de piso, a tinta adequada, além da liberação junto ao Iphan”, explicou Hugo.

Memória e impacto social

Ao tomar conhecimento do restauro e resgate social da Santa Casa, a enfermeira Júlia Mônica Marcelino Benevides não se conteve de alegria e esperança. Foi lá que a nordestina, formada pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), iniciou a vida profissional em 1993.

“Quando eu soube que a Fametro tinha comprado o prédio, fiquei muito feliz! Eu acredito que vai ter uma equipe boa de assistência, trabalhando lá. Agora, a estrutura também vai oferecer ensino e pesquisa.

Todo o Amazonas será beneficiado. E, à medida que eu vou falando, também me vejo passeando, aqui na minha memória, por aqueles corredores da Santa Casa como em 1993” Júlia Mônica Marcelino Benevides, enfermeira

Como profissional da área de Enfermagem, Júlia explica que o resgate histórico da Santa Casa será de grande impacto social, beneficiando a população na prestação de serviço e contribuição com a sociedade.

“A Santa Casa é histórica e preserva a memória do povo amazonense. Ela nunca poderia ter sido fechada.

Só a estrutura do prédio já é de extremo valor para o Amazonas. Além disso, a instituição recebia pacientes do SUS e aqueles que não tinham condições de pagar atendimento particular, com uma estrutura maior dedicada para fins filantrópicos. Então foi uma grande perda para a população”, comenta a enfermeira.

História

A Santa Casa de Misericórdia de Manaus foi inaugurada em 16 de maio de 1880 como hospital e entidade filantrópica. Depois de encerrado o convênio que mantinha com o Governo do Estado do Amazonas, em 1998, a instituição entrou em grave crise financeira, onde muitos funcionários ficaram sem receber.

Desde 2004, o local está com as portas fechadas e suas dívidas se acumularam por 15 anos. Em 21 de novembro de 2019, foi realizado o leilão judicial da Santa Casa. Avaliado em R$ 15,8 milhões, o bem foi arrematado pelo Grupo Fametro pelo valor de R$ 9,3 milhões. O montante serviu para a quitação de dívidas públicas e trabalhistas.

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