A Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) mostrou-se preocupada com os efeitos que podem ocorrer depois do recente anúncio do Governo dos Estados Unidos em aumentar de 25% para 50% a tarifa de importação sobre produtos de alumínio, com base na Seção 232 do Trade Expansion Act, além de alertar para riscos da nova escalada tarifária dos Estados Unidos sobre alumínio. A associação defende resposta estratégica e calibrada, pois a medida americana gera incertezas e reforça necessidade de defesa comercial e visão de longo prazo para reposicionar o Brasil nas cadeias globais.
O decreto do Governo americano publicado em 2 de junho de 2025 determina a aplicação global da tarifa, sem distinção de países, com exceção temporária ao Reino Unido. A tarifa para o Reino Unido permanece em 25% até, pelo menos, 9 de julho de 2025, enquanto os dois países finalizam os termos de um acordo bilateral assinado recentemente.
A medida ocorre em um contexto de crescente instabilidade nos mercados internacionais, marcado por disputas comerciais, reestruturações geopolíticas e desafios sistêmicos para a indústria de base em todo o mundo. Mais do que uma decisão isolada, o anúncio reflete uma nova realidade global, na qual a volatilidade se torna uma constante e impõe riscos adicionais às cadeias produtivas.
Para a ABAL, é necessário um duplo movimento: por um lado, cautela e calibração na adoção de medidas emergenciais de mitigação — como o fortalecimento dos instrumentos de defesa comercial e ajustes tarifários para coibir práticas desleais e desvios de comércio; por outro, visão estratégica para reposicionar o Brasil na nova geografia da cadeia global do alumínio, com base em suas vantagens competitivas estruturais. “Estamos diante de um cenário em que medidas protecionistas passam a conviver com agendas industriais mais coordenadas. Neste ambiente, proteger apenas um elo da cadeia é insuficiente se o país continua vulnerável na produção dos insumos que a sustentam”, diz a nota da ABAL.
Atualmente, o Brasil dispõe de ativos únicos para responder a essa nova realidade, por ter a 4ª maior reserva de bauxita, a 3ª maior produção global de alumina e uma cadeia produtiva verticalizada, com alta taxa de reciclagem e investimentos crescentes em energia limpa. Estima-se que até 90% do alumínio primário produzido nos Estados Unidos tenha o DNA brasileiro. Em 2024, os Estados Unidos absorveram 16,8% das exportações brasileiras de alumínio, com destaque para chapas e folhas. Estima-se que até 90% do alumínio primário produzido nos EUA tenha, em seu DNA, insumos brasileiros — uma complementaridade produtiva que deveria ser considerada em qualquer análise de impacto ou negociação bilateral.
A ABAL reforça ainda importância de o Brasil evitar decisões fragmentadas ou setoriais, e construir, com base técnica e visão de longo prazo, uma estratégia nacional para fortalecer sua soberania industrial. O verdadeiro ganho está em consolidar uma cadeia resiliente, menos exposta às oscilações externas e capaz de transformar recursos em valor agregado para o país. A entidade segue dialogando com o governo brasileiro e autoridades internacionais para assegurar condições justas de competição e garantir o reconhecimento do papel estratégico do alumínio nacional na economia de baixo carbono.
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Fonte: <a href="https://brasil61.com/abal-preocupada-com-nova-tarifa-de-importacao-dos-eua-mine250905" title="Artigo Original: ABAL preocupada com nova tarifa de importação dos EUA" target="_blank">Brasil 61</a>
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