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25 de junho de 2025 | 23:04

Caso Paula Litaiff: Dissertação impugnada põe em xeque credibilidade da Revista Cenarium

A recente decisão da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) de retirar do ar o vídeo da dissertação de mestrado da jornalista Paula Litaiff levanta sérios questionamentos sobre a coerência ética e a credibilidade da profissional, que é fundadora e responsável pela revista Cenarium, veículo conhecido por defender a causa indígena em diversas frentes.

A dissertação intitulada “Violência Simbólica de Gênero no Parque das Tribos”, apresentada em 2025 no Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA/UFAM), foi duramente contestada por lideranças indígenas da própria comunidade retratada. O cacique Ismael Munduruku, apontado no estudo como responsável por práticas abusivas, nega as acusações. A principal fonte mencionada por Litaiff, a indígena Maira Mura, também declarou publicamente nunca ter dito o que foi atribuído a ela no trabalho.

Diante das falhas metodológicas e éticas apontadas pela defesa de Ismael Munduruku, incluindo violação da Convenção 169 da OIT, distorção de depoimentos, consulta seletiva e ignorância deliberada à pluralidade étnica, a UFAM determinou a retirada do vídeo da dissertação como medida cautelar. A medida evidencia o grau de comprometimento institucional com os direitos indígenas, mas deixa uma pergunta no ar: se Paula Litaiff foi capaz de manipular informações em um ambiente acadêmico, o que garante a veracidade das matérias veiculadas na revista cenarium?

A jornalista, que ao longo dos últimos anos construiu uma imagem pública de defensora das pautas indígenas, vê sua credibilidade abalada diante da contradição entre discurso e prática. A Revista Cenarium, que dirige, tem como bandeira a denúncia de violações contra os povos originários. No entanto, o caso da dissertação revela que, quando o interesse é próprio, a verdade pode ser relativizada.

Quem vigia a vigilante?
É legítimo que uma jornalista se posicione na defesa de causas sociais. Mas o que acontece quando essa mesma profissional usa o discurso progressista como escudo para produzir conteúdo parcial ou até fabricado? O caso Litaiff expõe uma ferida aberta: até que ponto a Revista Cenarium publica relatos verdadeiros? Ou será que, como na dissertação, alguns personagens e acusações são convenientemente escolhidos para servir a uma narrativa?

A postura seletiva de Litaiff, que em seu trabalho acadêmico ataca justamente um dos líderes mais atuantes em favor das mulheres indígenas, revela um possível padrão: defender uns, silenciar outros. A liderança de Ismael Munduruku é amplamente reconhecida por fomentar o protagonismo feminino no Parque das Tribos, com ações concretas como a criação de centros coordenados por mulheres, apoio a projetos de autonomia financeira e articulação para dar visibilidade nacional às pautas das indígenas. Tudo isso foi ignorado por Litaiff em sua tese, que preferiu construir uma narrativa controversa e parcial.

A comunidade indígena exige, com razão, um posicionamento claro da universidade e também da sociedade: será que quem se apresenta como porta-voz da causa indígena pode continuar sendo levada a sério após tamanha distorção dos fatos? E mais: até que ponto o conteúdo da Revista Cenarium, sob responsabilidade de Paula Litaiff, é de fato jornalismo ou apenas uma extensão de interesses pessoais?

A credibilidade, uma vez abalada, exige mais do que boas intenções para ser restaurada. E neste caso, a verdade parece ter sido a maior vítima.

A reportagem não conseguiu contato com a jornalista mas deixa aberto espaço para manifestação.

 

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