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23 de novembro de 2024 | 05:27

Covid torna homens inférteis ao afetar testículos, explicam médicos

O músico Alessandro Ribeiro Inácio, de 42 anos, descobriu que havia ficado infértil após contrair covid-19. Ele e sua esposa, Gisélia, de 39, tentavam engravidar quando acabaram contaminados pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2), e seu quadro evoluiu de forma grave em poucos dias.

Internado, Alessandro sofreu um derrame pleural, uma trombose pulmonar e lutou para se livrar de duas bactérias invasoras, contraídas no hospital. Depois de recuperado, no entanto, passou por alguns testes e ficou sabendo que havia ficado estéril por causa da doença.

O médico especialista em Reprodução Humana, Condesmar Marcondes, que acompanha o casal, disse que a contagem de espermatozoides de Alessandro estava próxima de zero.

“Ele teve derrame pleural e trombose pulmonar quando estava na UTI. O sistema vascular dos testículos é muito delicado. Por isso, a doença acabou provocando ‘minitrombos’, que reduziram a capacidade de produção de espermatozoides do músico”, afirmou o médico.

Qual a relação?

O caso de Alessandro não é isolado. Médicos e pesquisadores estudam o efeito que o coronavírus têm na fertilidade humana e notaram que o vírus pode, de fato, influenciar na qualidade do esperma.

No início de 2021, por exemplo, uma pesquisa desenvolvida na FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) mostrou que o vírus pode afetar o sistema reprodutor masculino.

Os resultados mostraram que, de 26 pacientes com casos leves e moderados da doença, que não se queixavam de dores escrotais, 42,3% apresentaram epididimite, uma inflamação que acomete o epidídimo, um canal localizado na parte posterior dos testículos e por onde os espermatozoides passam para adquirir uma série de funções bioquímicas que visam a fertilizar o óvulo.

Se eles não forem capazes de passar por ali, então a fertilidade está comprometida.

Em outro estudo, também feito no Brasil, pesquisadores observaram que o Sars-CoV-2 invade todos os tipos de células testiculares, causando lesões que podem prejudicar a função hormonal e a fertilidade masculina.

Como ainda são necessários mais estudos para entender melhor a dinâmica que leva ao problema, os especialistas ainda não sabem ao certo se as lesões nos testículos podem ser revertidas e quanto tempo isso levaria para acontecer.

No caso do músico, o médico responsável iniciou um tratamento com vitaminas à base de zinco, combinadas a antioxidantes potentes, para auxiliar no aumento da produção. A ideia é conseguir pelo menos alguns espermatozoides em boas condições para tentar fazer a fertilização in vitro.

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