24 de abril de 2024 | 23:32

Sex shops para evangélicos estão cada vez mais populares no Brasil

A empresária Carolina Marques, de 26 anos, já tinha um filho de outro relacionamento quando conheceu o atual marido, com quem é casada desde janeiro. Mesmo assim, convertida à Assembleia de Deus há três anos, Carolina esperou se casar para ter um envolvimento sexual com ele.

Depois de oficializar a relação, no entanto, nada de monotonia na cama. Pelo contrário.

Dona de uma sex shop direcionada ao público evangélico, Carolina quer levar aos clientes a ideia de que o sexo não precisa ser um tabu nem deve ser visto como algo sujo – desde que aconteça entre um homem e uma mulher e dentro do casamento.

Em sua loja de artigos eróticos, que ela prefere chamar de ‘Love Store’ no lugar de ‘Sex Shop‘, as aparências importam. As embalagens são de cores sóbrias, e os produtos não têm nomes sugestivos em seu negócio, inaugurado em maio.

Sabores mais lúdicos, como algodão-doce e outros inspirados nos famosos chicletes Bubbaloo, têm uma receptividade melhor.

“Não tem como vender produtos chamados ‘ppk louca’ e ‘ ‘vai fundo’. Isso assusta esse público, pode acabar afastando”, diz ela.

Carolina vê em seu negócio mais que uma fonte de renda e acredita que sua marca tem um propósito: ajudar os casamentos a perdurar.

Para isso, Carolina, massoterapeuta de formação, conta que faz uma curadoria muito cuidadosa dos artigos, já que para quase todas as clientes aquela é a primeira vez que elas usam um produto do tipo.

Então, é importante que a qualidade seja boa, para mostrar que o investimento vale a pena.

Produtos para sexo anal, por exemplo, não são o foco de sua loja. “Dentro do meio cristão, a região anal é vista como uma área fisiológica. Tanto que não existe ali lubrificação natural. A mulher engravida a partir da penetração na vagina, aquilo já foi feito para isso”, diz ela.

Quanto ao sexo oral, há mais liberdade, pela prática ser vista como um tipo de carinho, dentro da retórica evangélica.

Produtos enviados em caixa de remédio e saco de padaria

Andrea dos Anjos, de 43 anos, é outra vendedora do setor erótico gospel. Há 17 anos, ela frequenta a Igreja Batista e, desde 2019, é dona da loja Memórias da Clo, que atende esse público.

Andrea tem visto o interesse de seu público aumentar. “São clientes um pouco diferentes da maioria, porque devido à religião e a alguns dogmas, ficam envergonhados e constrangidos, mas é um público fiel. Dou consultoria informalmente”, explica.

Andrea, assim como Carol, vende seus produtos pela internet e ganha clientes no boca a boca.

Para esse público, muito reservado, uma loja física, identificável, não é tão interessante, já que a discrição é uma das chaves do sucesso.

“Tenho clientes que pedem para eu mandar os produtos em caixa de remédio, em saco de padaria, para que ninguém saiba mesmo”, conta ela.

As duas afirmam que mulheres são 95% de seu público. A idade costuma variar bastante.

‘Me chamavam de crente do rabo quente’

Carolina foi julgada pela mãe e teve que convencer até o marido de que sua ideia era boa. “Me chamavam de crente do rabo quente. Meu marido falou que não sabia se ia dar certo, por sermos cristãos, mas eu sabia que a marca teria um propósito”, diz ela.

Ambas as vendedoras conversam com as conhecidas da igreja, que indicam para outras fiéis, e assim as marcas se propagam e crescem.

“Eu só não levo para dentro da igreja, entrego do lado de fora”, explica Carol.

Vibradores não estão no catálogo de produtos, pelo menos não ainda. “Um homem pode ficar muito intimidado de ver a mulher com uma prótese que pareça um pênis. Por que ter outro pênis ali? No futuro, quero trazer vibros, mas do tipo colorido, para usar junto, mas as pessoas precisam se acostumar aos poucos com essa ideia. Primeiro um gel beijável, um lubrificante, e depois algo a mais”, explica.

Clientes têm medo de julgamento, mas aprovam produtos

Mulheres evangélicas que preferiram não ser identificadas garantem que incluir os produtos em suas vidas sexuais fez diferença.

“Tinha medo de ser julgada. Produtos íntimos, até onde apresentavam pra mim com naturalidade, eram produtos de higiene. Em uma sex shop normal, me sentia atacada de informação, imagens apelativas, próteses de genitálias na nossa cara durante o atendimento”, diz uma das clientes.

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