A revolta de um médico e blogueiro ativista da inclusão social viralizou esta semana nas redes sociais.
Depois de reiterados casos em que os pacientes com deficiência e de baixa renda do Dr. Cleverson Redivo precisaram voltar frustrados a seu consultório contando que haviam tido o benefício público de transporte da prefeitura de Manaus negado, porque o laudo dado pelo profissional não era aceito pelos servidores do posto de atendimento na triagem.
Na última quinta-feira (25-mai), o médico resolveu ir até o local, no Shopping Phelippe Daou, onde confrontou os funcionários do Instituto Municipal de Mobililidade Urbana (IMMU).
O próprio médico registrou e publicou tudo; só na plataforma TikTok, os vídeos já somam mais de 12,5 milhões de visualizações em pouco mais de 2 dias.
veja o vídeo
Médico do AM viraliza ao confrontar servidores que teriam negado benefício de ônibus a seus pacientes deficientes e de baixa renda pic.twitter.com/XAXWNkhKCE
— Zerohoraam (@zerohoraam) May 28, 2023
Acusações do Sinetram
Segundo o médico o Sindicato das empresas de transporte do Amazonas (Sinetram) estava negando os laudos, e ainda mais incrível de tudo, dizendo que eu estava vendendo laudos para beneficiar pessoas com deficiência e que precisam do laudo.
Eles ficam criando dificuldade para liberar o Passa Fácil (benefício de transporte gratuito da prefeitura) para pessoas que precisam se locomover. E agora com o novo valor da passagem eles ficam dificultando ainda mais.
E exercem ilegalmente a medicina, porque eles não têm condições de emitir um parecer médico dizendo se o laudo é valido ou não. Limitam o direito das pessoas! – disse o médico em vídeo publicado em seu canal.
A ação de Cleverson acabou em confusão e teve intervenção até de guardas municipais. Nas imagens, é possível observar que o médico se irrita e grita com servidores, que na maioria das vezes não respondem. “Vocês estão humilhando pessoas com deficiência”, exclama.
Ele acaba levado a uma sala reservada, onde conversa com um homem que se identifica como servidor do posto.
“Ah, não, porque esse doutor o laudo dele não vale”… ela não pode fazer isso! eu sou professor de universidade, sou médico-legista. Eu só faço isso. Como ela vai dizer que meu laudo não vale? Não tem lógica isso” desabafa, conversando com o funcionário.
– As pessoas são humildes, elas não têm condições de pagar para andar de ônibus, não tem o que comer. E, se não conseguem andar de ônibus, não conseguem procurar um emprego. Não é a primeira vez e espero que não aconteça mais nenhuma vez, porque se acontecer eu vou fazer plantão aqui e vou processar todos os recepcionistas por charlatanismo, porque eles não podem dar diagnóstico.
Em dado momento, a guarda municipal é chamada e diz que está ali “para manter a ordem”. O médico, então, se apresenta também como policial civil, momento que é exaltado por vários dos milhões de espectadores que assistiram ao vídeo. Nesta sexta-feira, ele foi à Polícia Federal com seu advogado e protocolou uma notícia-crime contra os servidores.
– Estou aqui na Polícia Federal, na superintendência do Amazonas, para protocolar notícia-crime contra as pessoas que estão atuando na área médica sem o devido credenciamento e capacitação para fazê-lo – disse em vídeo.
Sinetram se recusa aceitar laudo médico de PcDs; diz médico do AM que viralizou na internet pic.twitter.com/SsxS2YIeCR
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Prefeitura diz que repudia a agressão verbal e vai processar o médico
Após a grande repercussão do caso, a prefeitura de Manaus emitiu uma nota, onde diz que repudia o tratamento dado por Cleverson aos servidores municipais do Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU) e acrescenta que estuda processar o profissional.
“A Prefeitura de Manaus, via Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU), repudia a agressão verbal sofrida por um de seus servidores no posto de atendimento do órgão, no shopping Phelippe Daou, na última quinta-feira, 25/5, quando estava em pleno exercício de suas atividades”, diz o município.
“Frisamos ainda que o artigo 6º do Decreto Municipal nº 1.128, de 29 de julho de 2011, que regulamenta o artigo 261 da Lei Orgânica do Município de Manaus (Loman), determina que o formulário para emissão do Passe Livre deverá ser preenchido em letra legível por médico especialista integrante do Sistema Único de Saúde (SUS) ou do Serviço Médico Municipal, constando o seu respectivo carimbo, contendo o número do CRM, tipo de deficiência e/ou patologia e CID”, acrescenta a nota, que não explica exatamente o motivo pelo qual os laudos dados por Cleverson foram negados.
Em consulta no Conselho de Medicina do Amazonas, feita pela reportagem, o médico aparece com o registro ativo.
“O IMMU informa que confere toda a documentação encaminhada para expedição de qualquer benefício. O órgão informa, ainda, que está analisando as imagens e avalia quais medidas judiciais vão ser adotadas referente ao caso”, conclui.
Médico entra com notícia crime na Polícia Federal do Amazonas
Médico entra com notícia crime na Polícia Federal do Amazonas pic.twitter.com/v4uUFHKX5n
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