Enquanto os jornais e redes sociais denunciavam a falta de cilindros de oxigênio em Manaus, capital do Amazonas, no dia 27 de março de 2021 — um dos momentos mais críticos da pandemia de Covid-19 —, quando o Ministério da Saúde de Jair Bolsonaro era encabeçado pelo general Eduardo Pazuello, a White Martins, uma das maiores empresas produtoras de oxigênio do país, pensava em lucros. Naquele dia, um sábado, o país registrou 3368 mortes pela doença.
A companhia foi procurada pelo governo de São Paulo, à época gerido por João Doria (PSDB), para garantir o abastecimento do estado. Funcionários do gabinete de crise formado para engendrar políticas de combate à Covid-19 ouviram da empresa que a companhia não operava em capacidade máxima e movimentou-se contrária à uma operação da gestão paulista para recolher cilindros de oxigênio de hospitais e reabastecê-los junto à empresa.
A empresa admitiu a membros do governo que, em suas maiores plantas no estado de São Paulo, operavam entre 70% e 80% de sua capacidade total. Na ocasião, o governo de São Paulo projetava que poderia faltar oxigênio em 60 municípios do estado, além da própria capital paulista. Segundo um funcionário da companhia, não haveria interesse econômico da empresa para garantir o abastecimento.
Depois da publicação da nota, a White Martins enviou posicionamento ao Radar Econômico, reproduzido na integra a seguir: “A White Martins informa que empenhou uma série de medidas para atender o abrupto aumento da demanda por oxigênio das redes pública e privada em todo o território nacional durante o agravamento da pandemia de COVID-19, ocorrido no primeiro semestre do ano de 2021. Para aumentar a disponibilidade de produto, todas as unidades de produção passaram a operar 24 horas por dia, incluindo fins de semana. No dia 22 de março de 2021, a empresa atingiu o volume diário de 1,1 milhão de metros cúbicos de oxigênio líquido medicinal, o que representou um aumento de 93% de volume no consumo médio diário do produto em comparação com a primeira quinzena de dezembro de 2020, e 119% em relação a 2020. Este consumo chegou a crescer 300% em algumas localidades.
Além disso, a empresa reativou três plantas de produção de oxigênio em São Paulo e no Amazonas, realizou mais de 430 adequações e melhorias de estocagem de oxigênio líquido nos estabelecimentos de saúde e ampliou sua frota de distribuição de oxigênio líquido com o incremento de 87 equipamentos entre isotanques, carretas criogênicas, caminhões e tanques criogênicos móveis.
Em São Paulo, a White Martins realizou uma série de campanhas de recolhimento de cilindros junto às indústrias do estado. Uma das iniciativas da empresa foi promovida em parceria com o Senai para conversão de cilindros de uso industrial para medicinal, priorizando o atendimento ao mercado de saúde, sob autorização da Anvisa. Os cilindros de oxigênio recolhidos nas escolas do Senai SP foram recebidos na unidade da White Martins em Vinhedo no dia 24/03/21. Após a higienização, a manutenção e as verificações de segurança, os cilindros foram destinados a unidades assistenciais da região.
Ciente de seu papel social, a White Martins reitera que atuou fortemente ao longo de todo o período da pandemia em parceria com as autoridades de saúde e governamentais para ampliar sua capacidade de produção e incrementar sua logística de distribuição de oxigênio, diante da altíssima e inédita demanda do produto, não se limitando às obrigações pactuadas com seus clientes, fornecendo a eles volumes muito acima dos acordados contratualmente, além de contribuir, sempre que possível, para o abastecimento de hospitais que sequer eram clientes”.