O Governo Federal quer culpar os indígenas pela falta de progresso e a ausência de investimentos na Região Amazônica. A afirmação é do deputado estadual Serafim Corrêa (PSB), que hoje (10-mar) voltou a criticar o governo do presidente Jair Bolsonaro.
“Quero repudiar esse discurso de jogar a culpa nos índios. Eles não têm culpa de nada. Eles são os invadidos, não são os invasores”, afirmou Serafim. “Minha solidariedade aos indígenas e meu repúdio ao Governo Federal que usam os índios como responsáveis por uma culpa que é do Governo Bolsonaro, que não quer fazer os investimentos necessários para o desenvolvimento da região amazônica”, defendeu Serafim.
Durante o discurso, o deputado deu dois exemplos da falácia do Governo Federal, criada contra indígenas para mascarar o vazio de investimentos na região.
“O primeiro é o Linhão de Tucuruí para Roraima. O alarde é que não se pode avançar no Linhão porque tem que pagar um valor para os índios” criticou.
“Agora, vamos fazer uma conta rápida: um litro de diesel custa R$ 5. Boa Vista consome um milhão de litros de diesel todos os dias. Isso dá R$ 30 milhões de litros em um mês. A R$ 5 da R$ 150 milhões em um mês. A decisão judicial é de que eles sejam compensados em R$ 133 milhões. Isso, portanto, seria menos do que o gasto pela empresa de energia em um mês com óleo diesel. O impasse, não é de parte dos índios, o impasse é de parte do governo federal”, completou.
Segundo o parlamentar, no caso do Linhão de Tucuruí, o verdadeiro impasse é que a empresa concessionária responsável por levar o Linhão de Manaus para Tucuruí, está exigindo da ANEEL um realinhamento de preço de R$ 1,5 bilhão.
“A ANEEL, por sua vez, diz que não tem que pagar isso. Aí eles ficam colocando os índios como bucha de canhão”, explicou o líder do PSB na ALE-AM.
Exploração de potássio em Autazes
Outro exemplo de que o Governo Federal vem usando indígenas para ocultar a falta de investimentos é o entrave para a exploração de silvinita e potássio em Autazes.
“O problema real para não produzir o potássio em Autazes não são os índios, que nem estão no território da mina do potássio. O problema é que não há energia suficiente e a exploração de uma mina de silvinita exige energia”, comparou Serafim.
“E o sublinhão, que seria um ramal a partir de Itacoatiara até Autazes, custa alguns milhões de reais e o Governo Federal não se dispõe a fazer esse investimento. Esse é mais um episódio onde os indígenas são usados como bucha de canhão”, concluiu.