O novo ranking de poder militar global de 2025, divulgado pelo Global Firepower Index, trouxe uma reviravolta que está repercutindo em toda a comunidade de defesa internacional. O Brasil subiu posições e agora figura entre as 11 forças armadas mais poderosas do planeta, ultrapassando países tradicionais como Alemanha e Irã.
A ascensão brasileira não é apenas simbólica: representa anos de modernização gradual, investimento em tecnologia militar e fortalecimento da indústria nacional de defesa, mesmo com restrições orçamentárias e instabilidade política. O resultado reacende o debate sobre o papel do Brasil como potência militar e diplomática na América Latina.
Forças Armadas Brasileiras sobem no ranking e desafiam potências tradicionais
De acordo com o Global Firepower 2025, o Brasil ocupa o 11º lugar entre 145 países avaliados, ficando à frente de nações com grandes tradições bélicas, como Alemanha (12ª), Irã (13ª) e Austrália (14ª).
No topo da lista estão Estados Unidos, Rússia e China, seguidos por Índia, Coreia do Sul e Reino Unido. A posição do Brasil representa sua melhor colocação desde 2019, consolidando-se como a força militar mais poderosa da América do Sul e do Hemisfério Sul.
O índice avalia mais de 60 critérios, incluindo capacidade de pessoal, número de veículos blindados, frota naval, tecnologia aérea, orçamento e logística. Embora o Brasil ainda enfrente desafios no setor orçamentário, seu desempenho é fortalecido por fatores estratégicos, como:
- Extensão territorial e capacidade de mobilização regional;
- Frota aérea crescente com aeronaves como o Gripen E da Saab e o KC-390 da Embraer;
- A modernização gradual da Marinha do Brasil, com foco em submarinos e fragatas;
- A atuação do Exército Brasileiro em missões de fronteira e projetos tecnológicos nacionais.
O relatório destaca ainda o avanço da indústria de defesa brasileira, impulsionada por exportações de aeronaves, munições e veículos táticos. Somente em 2025, o país já acumula mais de US$ 1,3 bilhão em exportações militares, segundo dados da Embraer e do Ministério da Defesa.

Modernização tecnológica e soberania nacional: o segredo por trás da ascensão
Nos bastidores desse crescimento estão investimentos estratégicos em pesquisa, cooperação internacional e autonomia tecnológica.
O programa de caças Gripen E/F, desenvolvido em parceria com a Suécia, trouxe ao país transferência de tecnologia inédita e um salto qualitativo para a Força Aérea Brasileira (FAB).
O KC-390 Millennium, fabricado pela Embraer, é hoje considerado um dos cargueiros táticos mais eficientes do mundo e já está sendo exportado para países como Portugal, Hungria e Áustria. Esse avanço reforça o papel da indústria nacional como um vetor de soberania — um ponto que diferencia o Brasil de outras nações emergentes.
A Marinha do Brasil também avança com o Programa de Submarinos (PROSUB), em parceria com a França, que inclui o desenvolvimento do futuro submarino nuclear Álvaro Alberto.
Já o Exército Brasileiro investe em veículos blindados, artilharia de longo alcance e em sistemas como o míssil de cruzeiro AV-TM 300, desenvolvido pela Avibras, com alcance superior a 1.000 km.
Especialistas consultados pela Revista Sociedade Militar afirmam que esse conjunto de programas transformou o país em uma força regional com capacidade dissuasória.
Segundo o analista de defesa André Leal, “o Brasil não busca poder ofensivo, mas consolidar uma posição de respeito e autonomia no cenário global. As Forças Armadas estão cada vez mais preparadas para proteger interesses nacionais e fronteiras estratégicas”.

Desafios, limitações e o futuro do poder militar brasileiro
Apesar do avanço, o relatório do Global Firepower alerta para fragilidades estruturais que ainda impedem o Brasil de alcançar o top 10. O orçamento de defesa, que gira em torno de 1,2% do PIB, é considerado baixo em comparação com a média global de 2,3%.
Além disso, as forças de prontidão e logística enfrentam carências em manutenção, modernização de equipamentos antigos e substituição de aeronaves da geração anterior.
O país ainda depende parcialmente de importações de componentes eletrônicos e sistemas de defesa cibernética, áreas críticas no campo militar contemporâneo.
Outro desafio é a integração operacional entre Exército, Marinha e Aeronáutica, que avança lentamente. O Brasil tem buscado superar esse obstáculo por meio de exercícios conjuntos — como a Operação Escudo, realizada em 2025 — e programas de interoperabilidade baseados em padrões da OTAN.
Mesmo assim, o avanço é inegável.
Com a expansão da indústria bélica, o fortalecimento das fronteiras e o crescimento da presença internacional, o Brasil está mais perto de consolidar uma posição estratégica global, equilibrando poder militar, diplomacia e autonomia tecnológica.
O resultado do ranking de 2025 envia um recado claro ao mundo:
o Brasil não é mais um espectador no cenário militar internacional — é um ator relevante, com voz própria e capacidade real de dissuasão.
