Hoje o Amazonas relembra uma das páginas mais tristes de sua história, quando centenas de pessoas morreram por falta de oxigênio nos hospitais públicos da capital e interior.
Há exato um ano, o mundo ficou sabendo o que sofrem os amazonenses por causa da segunda onda da pandemia. Jornais, emissoras de TV e sites de notícia de todo o mundo mostraram o descaso com a saúde pública, que deixou faltar oxigênio hospitalar e matou asfixiados centenas de pacientes.
Pessoas que estavam internadas em casa utilizando o gás medicinal para o tratamento também sofreram complicações. A crise se instalou nos hospitais, nas ruas e na única empresa que fornecia gás medicinal para o Estado.
A White Martins declarou que informou o Governo do Amazonas diversas vezes sobre a possível falta do insumo, porém não houve resposta da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM).
O governo de Wilson Lima ignorou os avisos e só tomou providências quando era tarde demais. Um descaso fatal que custou a vida de centenas de pessoas.
Segundo o Ministério Público (MP-AM) e a Defensoria Pública, a crise afetou hospitais e prontos-socorros na capital e interior do Estado. Mais de 500 pacientes foram transferidos às pressas para hospitais em outros Estados, pois o Amazonas tinha perdido a capacidade de cuidar de seus doentes.
A culpa é de quem?
Após um ano da crise e apesar das inúmeras investigações, ninguém foi responsabilizado pelas mortes dos pacientes. O MP-AM e o Ministério Público Federal (MPF) investigam autoridades públicas e empresas privadas.
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid foi instalada no Senado após a crise do oxigênio no Amazonas para investigar e identificar os culpados pelas mortes.
Em meio a falta de oxigênio, o governador Wilson Lima era investigado pela compra superfaturada de respiradores em uma loja de vinhos, em Manaus.
Em setembro do ano passado, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, por unanimidade, aceitar denúncia que torna réu o governador Wilson Lima como responsável pelos desvios de recursos na Saúde.
Ele foi acusado pelo MP de integrar um suposto esquema de desvio de recursos públicos na compra de respiradores destinados ao tratamento dos pacientes com Covid.
A denúncia foi apresentada em abril pela Procuradoria-Geral da República (PGR) que menciona Wilson Lima e outros 15 acusados. A PGR estima o prejuízo superior a R$ 2 milhões aos cofres públicos.
Após um ano da crise da falta de oxigênio, o Amazonas contabiliza mais de 13,8 mil mortes em decorrência da infecção por Covid.
O Estado enfrenta nesse momento uma nova onda da pandemia com o surgimento da variante Ômicron e casos de influenza.