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25 de abril de 2024 | 21:38

Horror: 80% dos intubados por Covid morreram no Brasil; no AM a média é ainda maior

No Brasil, uma pessoa entubada para o tratamento da Covid-19 tem apenas 20% de chance de sobreviver. No Amazonas esse número é ainda mais alarmante, pois a média de mortes entre pessoas entubadas é de 87,3%.

Os números mostram o despreparo das equipes médicas no processo de entubação, bem como no manuseio dos equipamentos que mantém o paciente vivo. Os dados fazem parte de um estudo feito pelo Laboratório de Pesquisa Clínica em Medicina Intensiva do Instituto Evandro Chagas.

Segundo o estudo, no Brasil, o alto percentual de mortes entre as pessoas entubadas é assustador.

Entre as principais causas estão a falta de um protocolo nacional que unifique as técnicas utilizadas e o uso de pessoal sem treinamento e experiência adequados.

Nos Estados Unidos e Reino Unido, a média de mortes de pacientes entubados é de 43% e 33% respectivamente, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Isso significa que no Brasil, 8 em cada 10 pacientes entubados ao longo do primeiro ano de pandemia morreram. Mostra também que o procedimento é aplicado de forma incorreta, o que aumenta a chance de morte.

A título de comparação, a média mundial é de cerca de 50% de mortalidade.

“Os dados de morte por entubação em 2021 não estão consolidados, mas as informações disponíveis sobre morte hospitalar apontam para um aumento significativo da mortalidade”, disse o pesquisador da Fiocruz Fernando Bozza, chefe do Laboratório de Pesquisa Clínica em Medicina Intensiva do Instituto Evandro Chagas.

Uma primeira pesquisa dele sobre mortalidade de pacientes de Covid-19, publicada na revista médica The Lancet Respiratory Medicine, revelou que quase 80% dos doentes entubados no Brasil entre 16 de fevereiro e 15 de agosto de 2020 morreram.

Para esse levantamento foram analisados dados de 254 mil internações.

Bozza reuniu os números do segundo semestre de 2020 e eles revelam que a taxa de mortalidade se manteve próxima a 80%. Ou seja, os números mostram que após a primeira onda de Covid-19 no Brasil, o País não foi capaz de se organizar e adotar parâmetros nacionais de tratamento a ponto de reduzir a mortalidade de pacientes graves.

Para chegar ao percentual, foram analisadas 163,2 mil internações de pacientes com Covid-19 entre 15 de agosto e 31 de dezembro do ano passado.

O estudo revela que 78,8% dos pacientes que precisaram de ventilação mecânica invasiva morreram ao longo do segundo semestre de 2020 no Brasil.

“A taxa permaneceu alta ao longo do ano. Perdeu-se tempo discutindo tratamento precoce sem qualquer evidência científica e não se investiu em disseminar informação sobre tratamentos eficazes para pacientes graves, como uso de esteroides, técnicas de identificação de insuficiência respiratória, uso da posição prona e outros”, avalia Bozza.

Morre-se mais no Norte e Nordeste

Os dados divulgados pelos pesquisadores mostram grandes diferenças na taxa de mortes por região. No Norte, a mortalidade de pacientes entubados sobe para 86,7% e, no Nordeste, para 83,7%.

No Centro-Oeste, o percentual também é acima da média (83,6%). Já no Sul e Sudeste, a taxa cai para 76,8%.

Segundo o pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Otavio Ranzani, que também é um dos autores do estudo, o percentual brasileiro é maior que a média mundial, de cerca de 50%, conforme estudo que analisou dados de 69 países, publicado noAmerican Journal of Respiratory and Critical Care Medicine.

A média de mortalidade de pacientes com Covid entubados na Ásia é de 47%, na Europa, é de 36% e, na América do Norte, é de 46%, completa o Ranzani, que também é pesquisador da Institute for Global Health, em Barcelona.

“A taxa de mortalidade brasileira para uso de ventilação mecânica (invasiva) é semelhante à do México, de 80,9%”, acrescenta.

Em janeiro, quando Manaus sofreu uma forte onda de Covid-19, faltou oxigênio nos hospitais e pacientes tiveram que ser transferidos para outros Estados. Demora na entubação é um dos motivos da alta mortalidade no País.

“A ventilação de paciente com Covid não é fácil, é um pulmão fragilizado. Você precisa ser muito delicado com a máquina, porque ela pode causar barotrauma, que é um trauma associado à pressão do ar injetado nos pulmões”, explicou Carmen Barbas à BBC News Brasil.

“O volume de oxigênio que entra no corpo deve ser de 6ml por quilo de peso predito ou menos. Peso predito é baseado na altura. Mas tem muito lugar que calcula pelo peso real e isso pode prejudicar o pulmão do paciente”, diz a médica, que é professora da Universidade de São Paulo e referência internacional em ventilação mecânica.

Em São Paulo, os profissionais de saúde estabeleceram um conjunto de procedimentos a serem observados para pacientes graves, que foram publicados no site da Secretaria de Saúde.

No Nordeste, 77% dos pacientes não idosos (com menos de 60 anos) entubados morreram no primeiro semestre de 2020, enquanto, no Sul, a taxa foi de 55%.

 

 

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