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26 de abril de 2024 | 21:16

O mundo multimídia e o trabalho em multiplataformas

Não faz muito tempo que o termo “multimídia” começou a circular nos corredores do mercado profissional de comunicação. É verdade também que os mais tradicionais resistiram em adaptar e a aplicar essas ferramentas na sua produção diária. O principal argumento era: filmar é uma função, gravar audio é outra, e assim muita discussão “rasa” foi tecida. Entretanto, o que sempre existiu de fato foi o surgimento de um novo profissional, nada mais simples.

Em vários aspectos, a produção de conteúdo multimídia só começou a fazer sentido quando passou a traduzir o hábito de toda uma geração, principalmente dos que já nasceram com o dedo indicador no celular. Sim, é resultado da evolução tecnológica, mas também, de um novo jeito de consumir conteúdo.

Em 1986, por exemplo, você acordava, pegava o “Walkman” e ia ouvir as músicas que estavam na fita K7. Entretanto, antes de poder desfrutar do som no aparelho portátil eram necessárias “horas e horas e horas” colocando o LP para rodar e, atentamente, apertando, ao mesmo tempo, o botão REC e o PLAY do gravador para passar as músicas dos “bolachões” para a fita.

Na sala da casa tinha a televisão, com horário pra tudo: desenho? só de manhã, até 11h. A programação seguia uma hora certa, com noticiário, depois novela, filme, mais novela, noticiário, mais novela, filme e mais noticiário. Cartas? só escrita à mão e enviadas de uma agência dos correios, pessoalmente.

É evidente que a produção de conteúdo daquela época correspondia à tecnologia e aos hábitos daquele momento, logo, hoje, para se compreender o conceito de multimídia é preciso olhar este passado de perto e entender que após tanta evolução tecnológica, seria impossível pensar no profissional de comunicação da mesma forma.

Hoje nós não teríamos condições de carregar, para lá e para cá, tantos aparelhos, cada um com uma função diferente. Juntar tudo em um só dispositivo, pequeno de preferência, era o caminho mais lógico. E quando se unem todas estas funções nasce então o conceito multimídia.

O que determina o “ser” multimídia é o unir, o entrelace dos recursos (áudio, vídeo, foto e texto), aplicados em uma única plataforma que suporte esse formato e que, a partir dessa composição, propague uma mensagem única.

É importantíssimo fazer esta diferenciação. Plataformas multimídias têm seus comandos, suas regras e sua linguagem próprias e, neste sentido, não substituem nenhum veículo de comunicação de massa já existente. No máximo, provocam transformações, empurram uma adaptação com o objetivo de disputar a audiência dessa nova geração, que consome conteúdo de forma diferente.

Se você tem um smartphone, um notebook ou uma smartTV, você sabe do que estamos falando. Essa nova linguagem agregou de forma definitiva ao processo de comunicação a possibilidade de interação, pavimentando uma via dupla para a mensagem.

Trazendo para o campo da produção de notícia, precisamos compreender que nenhuma estrutura tradicional de produção, seja pra impresso, TV ou Rádio, funcionará corretamente, ou, fará sentido para os consumidores multimídia, se não houver uma imersão da produção desse conteúdo nas características desta linguagem.

Assim como existe o telejornalismo, radiojornalismo, Jornalismo impresso, Jornalismo de Revista, existe agora esse Jornalismo multimídia, que poder ser online ou não.

O profissional precisa desenvolver uma forma diferente de captar a informação, fazendo uso sempre dos recursos que este modelo dispõe, pois, assim como a TV não faz sentido sem imagem, a internet não existe sem a multimidialidade.

É exigido, portanto, a quem trabalha nesta plataforma, ampliar o conteúdo oferecido com áudios, vídeos e fotos e esta tem sido a grande dificuldade para muitos profissionais e empresas que já atuavam neste mercado antes de tudo isso existir.

MULTIMÍDIA OU MULTIPLATAFORMAS

Em uma outra vertente, impulsionados pelo enxugamento financeiro dos grandes grupos de comunicação e pela necessidade de manutenção dos canais tradicionais já existentes de comunicação de massa, se estabelece o conceito do trabalho em multiplataformas.

Essencialmente, enquanto o multimídia une aspetos das mais variadas formas de comunicação em um único canal, o conceito da multiplataforma busca preservar a mensagem específica de cada canal. Fica claro que a convergência de ambos modelos está no profissional.

O primeiro, une recursos de diferentes plataformas, adaptando-os para o uso em um único canal, com linguagem e estruturas próprias. O outro une o processos de produção mas preserva a mensagem para canais diferentes, cada um com sua linguagem e estruturas próprias. É como a ilustração abaixo mostra:

A multiplataforma é muito mais resultado de uma necessidade de adaptação de mercado do que propriamente das interações em si. É necessário considerar questões fundamentais de mercado e segmento:

1o. Em ambos, o profissional precisa estar capacitado a produzir conteúdo utilizando os múltiplos recursos (áudio, videos, fotos, gráficos e etc.) e estar capacitado para atuar para diversos meios ao mesmo tempo (TV, Rádio, Jornal e Internet).

2o. O trabalho em uma multiplataforma vai exigir, um trabalho editorial maior que o trabalho multimídia, pois, a mensagem deve seguir o exigido para cada canal.

3o. Trabalhar para uma plataforma multimídia é trabalhar para uma única plataforma.

4o. Não existe registro na história da comunicação de nenhum meio de comunicação de massa que tenha deixado de existir (extinto) por conta do surgimento de outro, apesar de os mercados terem vividos momento de tensão em cada novo ciclo, como aconteceu entre rádio e TV, e mais recentemente entre Jornais e site.

5o. Nenhum grupo de comunicação terá capacidade financeira de atuar em vários canais separadamente. O custo para operar uma redação de Rádio, outra de Impresso, outra de Internet e outra de TV não cabe no bolo publicitário que sustenta todo o modelo de negócio. Existe ainda a “pulverização” da mídia, que impactou por completo a distribuição da verba no mercado.

O desafio na multiplataforma é garantir a funcionalidade dos diferentes meios, respeitando cada um com suas características e linguagens, mas, reduzindo o custo de produção desse conteúdo, com estruturas unificadas ou únicas, que produzam para diferentes canais com qualidade e valor.

Do ponto de vista do profissional, Tanto para atuar de forma multimidiática quanto no conceito de multiplataformas, ele precisará ser mais completo e com isso corresponder às expectativas no tratamento e captação de áudio, vídeo e texto, bem como, saber construí-los, uni-los e formatá-los de acordo com a necessidade. É preciso, necessário, que se construa um novo modelo de profissional de comunicação.

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